Estúdio Malick
Amanhã, às 15h, a revista de fotografia ZUM, do Instituto Moreira Salles, lança sua sexta edição na Galeria Pivô, no térreo do edifício Copan, em SP.
O evento terá um papo entre Heloísa Espada, coordenadora de artes visuais do IMS, e Rubens Mano, que apresenta um ensaio sobre Brasília na revista.
Entre os destaques desta edição, há dois trabalhos inéditos do fotógrafo carioca Alair Gomes, um dos nomes mais falados da última Bienal.
Além das séries “A não história de um chofer” e “Praça da República” , que fazem parte de seu acervo guardado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a ZUM publica em um encarte charmoso o texto “Reflexões críticas e sinceras sobre a fotografia”, escrito pelo artista em 1976.
O Entretempos destaca também a história de Malick Sidibé, fotógrafo símbolo do Mali e paixão de uma das metades do blog, prestes a completar 80 anos. “De um singelo estúdio em atividade até hoje, ele retratou a efervescência da descolonização e um povo reassumindo a identidade”.
Thyago Nogueira, editor da revista, aceitou nosso convite para contar como conheceu o estúdio de Sidibé durante a Bienal de Bamaco.
Junto ao evento, a ZUM também lança a segunda edição do edital de fotografia contemporânea do IMS, que premiará dois projetos inéditos com uma bolsa no valor de R$ 65 mil cada. O edital completo e a ficha de inscrição estarão disponíveis amanhã no site da revista.
ps. o título deste post foi descaradamente roubado do texto escrito pela incrível jornalista Dorrit Hazarim para a revista. Foi mal!
“A fotografia africana é rica, viva e, com exceção de alguns nomes, pouco conhecida fora da África ou de países que mantiveram colônias por lá.
O pouco que conhecemos costuma vir filtrado pela triangulação da Europa ou dos EUA. Mas o ápice da minha ida ao Mali, em 2011, para a Bienal de Fotografia de Bamaco, mais do que conhecer um admirável mundo novo fotográfico, talvez tenha sido a chance de visitar o mítico estúdio onde trabalhou Malick Sidibé. Éramos uma turba de estrangeiros –eu, brasileiro, um pouco mais à vontade no Mali do que a maior parte dos europeus.
O nome do Malick pipocava nas rodas todas as noites. Mesmo sabendo que ele, septagenário, se locomovia com dificuldade, ainda restava certa expectativa quanto a possível presença nas dependências do festival.
Os dias passaram, e nada de Malick. No penúltimo dia, percebemos que a única chance era encontrar alguém que soubesse o caminho do estúdio, nos arredores da cidade. Foi assim que, numa noite estrelada, conheci Sidibé.
Meia dúzia de táxis entupidos de estrangeiros, uma babel de línguas, um breu. Uma hora de viagem, e não sei quantas paradas para se certificar de que seguíamos na direção correta. E ali estava ele, no estúdio modesto, uma casinha enfiada entre tantas outras, sem pompa e com muita circunstância.
Passamos algumas horas por lá, espiando tudo –a coleção de câmeras, os quadros nas paredes, os inúmeros álbuns. Os mais atirados ajoelharam por uma foto no cenário. Malick, conversador, simpático, velhinho, recebeu um por um com um sorridente ‘ça va’. E então era hora de voltar.
Eu, tonto, munido apenas da camerazinha xumbrega de um antigo iPhone, tirei umas fotos tremidas, mal-acabadas. Gravei também o momento de um clique. E foi isso. A matéria da revista ZUM é uma homenagem a um dos grandes retratistas do século 20.”
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