Entretempos https://entretempos.blogfolha.uol.com.br Artes visuais diluídas em diferentes suportes, no Brasil e pelo mundo Sun, 28 Nov 2021 14:42:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Fora do passo – Paris https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/06/13/fora-do-passo-paris/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/06/13/fora-do-passo-paris/#respond Thu, 13 Jun 2013 20:16:51 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=3990 A seção “Fora do passo” volta essa semana com um destino comum para muitos brasileiros: Paris.

O artista visual Claudio Silvano vive há um ano na capital francesa e escreve um pequeno guia de espaços culturais e, porque não, turísticos, da cidade.

Para aqueles que já estão cansados das mesmas visitas, aqui vão três dicas diferentes de passeios.

Vai lá!

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“Uma das coisas que mais gosto de Paris é como os seus bairros (arrondissements) são como pequenas cidades, cada um com suas características especificas.

Isso é tão evidente que cada um deles tem a sua própria prefeitura.

Apesar disso ser interessante, e apesar de Paris ser uma cidade relativamente calma, tem momentos em que eu quero fugir de todo o barulho que os nativos e turistas fazem nessas pequenas cidades.

Foi assim que começou a minha busca pelo lugar mais sossegado de Paris.

Já passei por vários lugares que concorrem a esse posto, mas o primeiro da lista continua sendo o Promenade Plantée, talvez pela sua extensão (4,7km) e pelo fato de ser um caminho elevado, ficando acima das ruas movimentadas.

Esse caminho foi construído sob uma antiga linha de trem chamada Vincennes, começando na Ópera da Bastilha e terminando no Bois de Vincennes.

É o lugar ideal para quem quer passar uma tarde tranquila sentado em um dos inúmeros bancos ou apenas percorrer o trajeto, que é dividido em várias partes, incluindo túneis e passagens subterrâneas.

Na maioria dessas seções o verde abundante isola completamente o som e a vista para as ruas, como se fosse um jardim secreto no meio da cidade.

Paris é infestada de pequenas galerias de fotografia e um dos meus pequenos prazeres é explorar esses lugares.

Atualmente tenho dois locais favoritos para passar a tarde olhando boas fotografias: a 

Polka Galerie e 

o MEP – Maison Européenne de La Photographie.

A 

Polka Galerie fica escondida no coração do bairro de Marrais. A curadoria é principalmente voltada para a fotografia documental e o pessoal da galeria faz em média quatro exposições por ano.



Além disso, sempre acontecem eventos como workshops e palestras. Ano passado teve um workshop incrível de impressão em serigrafia com o fotógrafo japonês Daido Morayama.

Ah, a entrada é de graça.

Já a MEP é a minha galeria favorita na cidade. O lugar existe desde 1978 em um prédio antigo e simpático, também no bairro de Marrais, e lá você encontra um dos maiores acervos fotográficos da Europa.

Fora os andares para exposições, ainda há a biblioteca com mais de 30.000 livros e 400 periódicos.

Um programa perfeito é comer o melhor falafel de Paris no L’as du Falafel -quase ao lado- e depois passar horas na MEP.

Ou vice-versa”.

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Fora do passo – Kyoto https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/05/24/fora-do-passo-kyoto/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/05/24/fora-do-passo-kyoto/#respond Fri, 24 May 2013 15:31:41 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=3527 Lembra que na semana passada a gente inaugurou uma nova seção do blog chamada “Fora do Passo”?

A primeira postagem foi sobre dicas de espaços culturais em Istambul que não se encontram facilmente pelos guias de viagem.

A ideia é que tanto as metades do Entretempos quanto convidados, amigos e leitores do blog possam colaborar indicando não só galerias, museus e afins, como as impressões que guardaram dessas cidades.

Ilana Lichtenstein está vivendo em Kyoto (ou Quioto, como ela charmosamente coloca em seu Facebook), no Japão, desde o segundo bimestre desse ano e é de lá que nos manda notícias.

Fotógrafa, nos escreveu esse fantástico relato sobre a região e mandou algumas fotos que vem produzindo por lá.

“Há duas fotos que nunca mostrei, que para mim representam um pouco da busca que está no texto. Também é um início de retratos bem do rosto, uma coisa que vim buscar aqui”.

Lendo o relato, o que dá para entender é que as belezas de Kyoto estão, sobretudo, na natureza.

Obrigado, Ilana!!

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A rua onde eu moro não tem nome.

No Japão, os carteiros é que sabem ler onde estão as nossas casas, como neste endereço que além de um codigo só me diz: na região do parque Okazaki, perto do templo Shinnyodo.

Desde que eu vim para cá pela primeira vez, dois anos atrás, vidrei em como, para lhe ensinar um endereço, toda pessoa faz uma descrição visual, um mapa, um desenho.

É preciso notar a grande placa vermelha do restaurante, e então um discreto templo de madeira, buscar a lâmpada cor de rosa forte que significa uma estação de polícia, para assim ir virando, conhecendo, vendo: lembrando.

Há as ruas médias e as passagens pequeninas, mínimas, mesmo em Tóquio. E por isso não adianta relevar a explicação e dizer-se “virarei na 2a. à direita”.

Quando se deixa as avenidas, é preciso construir uma memória visual para conhecer o próprio caminho.

*

Da primeira vez que eu vim para Kyoto, não conheci Kyoto.

O albergue em que me hospedei era lindo, uma casa antiga toda na madeira de que são feitas as tantas casas e templos (o Taro Cafe Inn), mas à primeira vista a cidade parecia ruidosa, muito ocupada pelas línguas dos tantos turistas que pareciam estar em todo lugar.

Todos estavam à procura dos nomes. Kinkaku-ji, Ginkaku-ji, Kiyomizudera, Fushimi.

São lugares grandiosos, que enchem os olhos de vermelho e dourado, mas sempre tão cheios e fui conhecer Kurama.

*

Kurama é uma das montanhas para lá do norte da cidade, a uma hora de trem daqui.

Uma trilha no mato liga a estação do pé do monte ao outro lado. Um teleférico também poderia entregar já na atração principal do centro da montanha, Kurama Dera.

Mas o gosto de chegar assim, a um estrondoso templo budista, com as muitas cores e detalhes guardados num ambiente escuro que não se pode fotografar, é outro.

Andando, esse templo se faz um a mais entre os outros, pequenos e lindos, xintoístas, que também há no mesmo caminho.

E o caminho tem seu final no onsen, ofurô termal, água quente ao ar livre, no meio da floresta, vendo o céu passar até anoitecer.

*

Não se tem, no entanto, de ir sempre a Kurama para viver esse silêncio.

O rio Kamo é largo, limpo, tranquilo, e na verdade mesmo selvagem, quando os falcões em rasante roubam nossa comida.

O rio leva ao norte da cidade.

E o norte, onde vivemos, é sempre vazio. Nele, há muito daquilo que parece estar uma camada antes, guardado e secreto: pois adentrando as montanhas que rodeiam a cidade ao Norte, a Leste e a Oeste, e se desenham até a metade de todo esse horizonte, existem as construções que se tornaram imagens como a de um trilho de trem que termina no meio da água.

Para encontrá-las, no entanto, tem-se sempre de tentar olhar o que não se anuncia. Um constante exercício dos olhos abertos.

*

O festival internacional Kyotographie, que teve sua primeira edição entre 13 de abril e 06 de maio, ocupou a cidade com fotografias em alguns espaços, desses bons de se conhecer.

Para chegar no Kodaiji Tacchu Entokuin, por exemplo, o pequeno templo onde havia a exposição do mestre Eikoh Hosoe, passava-se pela avenida mais movimentada de todas, com trânsito de pedestres e milhões de suvenirs, para logo, seguindo em detalhe o mapa ilustrado do festival, virar apenas uma e outra esquina desse bairro dito Gion e de repente alcançar um lugar em que os eixos não se parece com ruas.

Como num filme. Vazio. Todo o chão de grandes pedras. Nenhum anúncio, nenhum objeto de agora. Vazio porque ali não há nada. Só tecidos nas portas, casas muito antigas, a sensação de estar dentro de alguma coisa, uma certa privacidade daquilo que é discreto.

Uma dessas entradas era o templo. E dentro dele, as imagens da série Kamaitachi eram impressões imensas, ocupando inteiramente as três portas deslizantes de uma sala; as de Ordeal by Roses estavam dispostas como longos pergaminhos abertos, e as de Man and Woman sobre pedestais como os feitos para kimonos, de cedro, ferro e pedra.

Ali também não se podia fotografar, e era preciso tirar os sapatos e fazer o percurso todo com os pés descalços. Os dois jardins do templo, criados para a contemplação, se tornavam um pouco para as fotos como a espécie de “paisagem emprestada”, como os japoneses dizem ser a floresta que se vê ao fundo, quando se constrói um jardim.

Kyoto é muito feita de suas matérias. Madeira, pedra, plantas – e esse ‘nada’, pelo qual vale a pena atravessar o mundo.

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Fora do passo – Istambul https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/05/16/fora-do-passo-istambul/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2013/05/16/fora-do-passo-istambul/#comments Thu, 16 May 2013 16:41:48 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=3371 “Álbuns de Viagem” é um projeto criado por Carina Paoletti publicado às quintas-feiras no caderno Turismo, aqui mesmo na Folha.

Fotógrafos convidados mostram seus registros durante viagens e/ou trabalhos de forma solta, íntima, sem o formalismo dos cartões postais. Já passaram por lá nomes como Gui Mohallem, João Wainer, Gal Oppido, Bob Wolfenson, Lalo de Almeida e muitos outros brilhantes fotógrafos.

Hoje, uma das metades do Entretempos tapa buraco com uma seleção de imagens em Istambul, na Turquia.

Reeditar as fotografias dessa viagem fez com que o blog pensasse numa nova seção. Quais seriam as galerias, museus e espaços culturais ao redor do mundo que não aparecem com frequência nos guias de turismo?

Essa seção não tem frequência fixa e está aberto a sugestões dos próprios leitores no email entretemposblog@gmail.com.

Viajei com minha esposa para Istambul em agosto de 2011, período em que estava ocorrendo o Ramadã.

Como ficamos hospedados no bairro de Sultanahmet, na parte antiga da cidade, era muito curioso observar famílias islâmicas em frente a mesquita Azul aguardando o cair da tarde para interromper o jejum diário, em contraste com os turistas ocidentais em trajes muito mais condizentes com o calor da estação.

Durante o Ramadã, os islâmicos fazem festas alegres todas as noites, principalmente em torno das mesquitas. Ao lado do ataque voraz dos vendededores, as festas são ótimas para experimentar comidas de rua ou deixar-se enganar pelos sorveteiros malabaristas. Como nos repetia um alegre garçom: “Yes, yes, yes! Life is beautiful! No problem, no problem!”.

Na parte moderna da cidade, no bairro de Beyoğlu, a avenida Istiklal é um misto de Paulista, Oscar Freire e 25 de março. Um corredor de lojas de roupas, com “camelôs” nas transversais e, ao menos, duas ótimas instituições de arte contemporânea. Em uma dia é possível visitar muito e muitos lugares de Istambul apenas atravessando a rua.

Aqui vão minhas duas recomendações:

SALT: Misto de galeria, centro cultural e espaço de debates, A SALT fica em um bonito prédio que combina características da arquitetura brutalista com intervenções modernas e minimalistas. Não perca a oportunidade de visitar o mini cinema, mesmo que não esteja passando nenhum vídeo ou filme. Os bancos são blocos retangulares vermelhos que se movimentam horizontalmente, criando uma auditório flexível e lúdico. No próximo 18, o espaço exibirá uma maratona de documentários de Ai Wei Wei, mas fique atento aos artistas locais, que encontram ali um lugar para instalações e performances. O Facebook da SALT é este aqui.

Borusan Muzik Evi – Originalmente, o “Borusan” é um espaço para concertos, mas tive a sorte de visitá-lo durante a exposição Matter Light, uma explosão visual. Lotado de instalações que combinavam neons, ilusões óticas e obras tecnológicas de Erwin Redl, Christian Partos, Thomas McIntosh, Ulf Langheinrich, entre muitos outros, o edifício também é uma questão à parte. Num prédio antigo de Istambul, os andares foram todos reconstruídos com uma arquitetura moderna e pensada. Percorrer o “Borusan” é fantástico. Vale a pena voltar para ouvir um concerto e verificar se as mesmas qualidades visuais se aplicam à acústica.

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Istambul preserva tradições, mas possui em seu caráter uma alma moderna, transitória e que mistura harmoniosamente diferentes tempos e costumes.

Dos 8 dias em que estivemos por lá, o artista que mais nos intrigou foi um tal de “Dokunmayın Lütfen”, presente em todos os lugares, dos contemporâneos aos clássicos.

Ao final do primeiro dia, entendemos que ele era o famoso “Por favor, não toque”.

Mas visite.

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