Entretempos https://entretempos.blogfolha.uol.com.br Artes visuais diluídas em diferentes suportes, no Brasil e pelo mundo Sun, 28 Nov 2021 14:42:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Fotolivro de Robert Frank realizado no começo dos anos 50 serviu de laboratório para ‘The Americans’ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/08/fotolivro-de-robert-frank-realizado-no-comeco-dos-anos-50-serviu-de-laboratorio-para-the-americans/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/08/fotolivro-de-robert-frank-realizado-no-comeco-dos-anos-50-serviu-de-laboratorio-para-the-americans/#respond Mon, 08 Jan 2018 12:14:43 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/maxresdefault-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19923

Este é o primeiro vídeo de 2018. Todos sabem quem é Robert Frank, autor de “The Americans”, considerado por muitos pesquisadores e críticos o fotolivro mais importantes de todos os tempos. Mas “The Americans” ficou tão conhecido que acabou eclipsando o resto da produção de Frank.

O fotolivro que trago hoje, “Black White and Things”, foi publicado pela primeira vez em 1952, portanto, seis anos antes da obra-prima do fotógrafo suíço. A primeira versão do trabalho consistia em três cópias feitas artesanalmente, num caderno espiralado e apenas com prints originais.

A cópia que trago é de 2009, publicada pela Steidl, editora que se tornou a grande parceira do Frank, junto à National Gallerty of Art, de Washington. É a terceira versão do livro, com um design refeito, mas com a edição das imagens intacta. É possível perceber que esse fotolivro serviu de laboratório para o que seria realizado em “The Americans”.

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Destreza de Alec Soth para interagir com estranhos faz de ‘Sleeping by the Mississippi’ um clássico https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/destreza-de-alec-soth-para-interagir-com-estranhos-faz-de-sleeping-by-the-mississippi-um-classico/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/destreza-de-alec-soth-para-interagir-com-estranhos-faz-de-sleeping-by-the-mississippi-um-classico/#respond Fri, 22 Dec 2017 13:10:03 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/maxresdefault-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19875

Este é o último vídeo do ano e, por isso, tinha de ser uma obra especial. “Sleeping By The Mississippi”, de Alec Soth, já é um clássico da fotografia. Foi esse trabalho, publicado em 2004, pela Steidl, que alçou a carreira do fotógrafo ao status que tem hoje. O livro é uma série de viagens que o Soth fez a partir de Minnesota, onde vive, até Louisiana, bem ao sul dos EUA.

É uma região que representa a América profunda. É também o mesmo trajeto do rio Mississippi, que dá nome ao livro. No caminho, ele fotografava, com uma câmera de grande formato, moradores desses locais e as paisagens pelo caminho. Os personagens do livro são, de alguma maneira, uma representação do contraste de suas vidas à obsessão americana pelo sucesso.

O que impressiona é a capacidade do artista para criar uma sensação de intimidade com essas pessoas. Há uma química muito forte nos retratos. Isso é expresso com melancolia, porque o livro é forte e silencioso ao mesmo tempo. O leitor se envolve de uma maneira profunda, até inexplicável.

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Fotolivro japonês acompanha crescimento de garota desde a infância à descoberta da sexualidade https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/15/fotolivro-japones-acompanha-crescimento-de-garota-desde-a-infancia-a-descoberta-da-sexualidade/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/15/fotolivro-japones-acompanha-crescimento-de-garota-desde-a-infancia-a-descoberta-da-sexualidade/#respond Fri, 15 Dec 2017 16:42:41 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Sequence-08.00_00_18_01.Still001-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19856

Eu queria trazer um livro mais leve, que tivesse clima de fim de ano, mas percebi que só tenho livro melancólico, baseado em desgraça. “Tenko”, lançado pela Case Publishing, poderia ser esse livro, porque começa como um álbum de família, muito afetuoso, e depois se transforma.

Na primeira e maior parte do livro estão as fotos de Hanayo, mãe da Tenko, uma linda garota japonesa. É uma narrativa doce, desde os primeiros dias do bebê, e que vai seguindo o seu crescimento. São imagens de cores lavadas, que mostram registros cotidianos, a partir de um olhar materno.

A virada acontece no terço final do livro, quando, de repente, sem nenhum aviso, aquelas fotos que eram todas fofinhas e delicadas se tornam pesadas, com muito erotismo. É a passagem das fotos feitas pela mãe para as imagens de Hajime Sawatari, autor de um livro dos anos 70 que faz uma versão de “Alice no País das Maravilhas”. O que eu mais gosto no livro é a coragem de uma mãe em reconhecer que de uma hora para outra os filhos passam a ter suas facetas eróticas.

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Combinação sagaz de imagens e textos percorre obra de Laia Abril sobre garota com bulimia https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/12/combinacao-sagaz-de-imagens-e-textos-percorre-obra-de-laia-abril-sobre-garota-com-bulimia/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/12/combinacao-sagaz-de-imagens-e-textos-percorre-obra-de-laia-abril-sobre-garota-com-bulimia/#comments Tue, 12 Dec 2017 12:30:10 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/THE-EPILOGUE_BOOK_005-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19851

Trouxe esse livro porque a Thais Brandão, uma assinante do meu canal no YouTube, publicou em um dos vídeos que gostaria de ver “The Epilogue”, da Laia Abril, comentado. Por sorte, tenho esse fotolivro e vou mostrar para vocês. Quem tiver sugestões, não deixe de escrever na caixa de comentários. Na medida do possível, quero atender aos pedidos.

Laia Abril é uma fotógrafa espanhola que vem se destacando nos últimos anos. Em “The Epilogue”, ela investiga a vida de uma garota norte-americana, Cammy Robinson, que morreu devido a problemas com bulimia, aos 26 anos.

Para isso, recorre a vários caminhos. Entrevista familiares e amigos próximos à garota e reproduz documentos, como trechos de diários, cartas, registros médicos, boletins escolares e até a certidão de óbito, além de imagens antigas de sua infância e adolescência. Embora seja impossível reconstituir a dor pela qual essa família passa, o livro é doloroso, ainda mais para quem tem filhos.

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Holandesa materializa sensação de descobrimento do corpo a partir da história de transgêneros https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/08/holandesa-materializa-sensacao-de-descobrimento-do-corpo-a-partir-da-historia-de-transgeneros/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/08/holandesa-materializa-sensacao-de-descobrimento-do-corpo-a-partir-da-historia-de-transgeneros/#respond Fri, 08 Dec 2017 14:10:56 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Sequência-01.00_01_04_16.Still001-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19842

Hoje trago um fotolivro que aborda tema muito recorrente em vários trabalhos nos últimos anos: a transexualidade. A quantidade de obras que debatem a questão de gênero é tão grande quanto o número de ensaios sobre familiares doentes e, no Brasil, sobre a questão indígena.

O que então me faz trazer esse trabalho? A maneira como a artista discorre sobre essas questões. “Mandy and Eva” foi feito pela fotógrafa Willeke Duijvekam, que acompanha, durante seis anos, as transformações de duas meninas que ao nascerem foram designadas meninos.

O que faz esse ensaio ser um grande ensaio é a maneira com o fotolivro foi desenhado. Primeiro de tudo, as histórias são intercaladas. É como se fossem dois livros separados cujas páginas foram colocadas uma sobre a outra. Isso tem dois efeitos. Com uma página tampando a imagem da página seguinte, você força o leitor a experimentar a sensação de descobrimento. No final das contas, é sobre isso que estamos falando.

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‘Clap!’, catálogo de fotolivros latino-americanos contemporâneos, é lindo de ver e terrível de usar https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/05/clap-catalogo-de-fotolivros-latino-americanos-contemporaneos-e-lindo-de-ver-e-terrivel-de-usar/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/05/clap-catalogo-de-fotolivros-latino-americanos-contemporaneos-e-lindo-de-ver-e-terrivel-de-usar/#respond Tue, 05 Dec 2017 14:01:21 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Captura-de-Tela-2017-12-04-às-18.08-180x100.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19833

Assim como no último vídeo, trago um fotolivro que não faz parte da minha coleção, mas do acervo da biblioteca de fotografia do Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Na verdade, esse nem é um fotolivro. É um catálogo. Trata-se do catálogo “Clap!”, uma pesquisa sobre a produção contemporânea de fotolivros latino-americanos entre 2000 e 2016.

O grande problema é que, embora a publicação seja linda, com design do venezuelano Ricardo Baez, ela é difícil de ler. Mostra vários livros ao mesmo tempo, muitos deles colocados na diagonal, de um jeito bem caótico. Cada um dos livros tem um número, com uma correspondência num tabelão. É confuso, complicado demais.

Em vez de viabilizar uma maneira mais fácil de conhecer esses livros, “Clap!” traz obstáculos. É como uma cadeira muito bonita, mas pouco confortável: linda de ver, difícil de usar.

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Fotolivro compila fotos de ditador norte-coreano para discutir uso político de imagens oficiais https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/fotolivro-compila-fotos-de-ditador-norte-coreano-para-discutir-uso-politico-de-imagens-oficiais/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/fotolivro-compila-fotos-de-ditador-norte-coreano-para-discutir-uso-politico-de-imagens-oficiais/#respond Thu, 30 Nov 2017 16:12:32 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/maxresdefault-2-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19822

O divertido “Kim Jong IL Looking at Things”, fotolivro do português João Rocha, não faz parte da minha coleção, mas do acervo da Biblioteca de Fotografia do Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Como diz o título, a obra mostra o ditador norte-coreano Kim Jong Il olhando para coisas.

Parece idiota, mas força um olhar interessante sobre o uso político das imagens. Kim Jong Il morreu em 2011. Um ano antes, João Rocha criou um Tumblr no qual compilava essas imagens oficiais calculadamente cotidianas de Kim, nas quais ele olha para mapas, para tubos de metal, para trabalhadores, para garrafas dágua, para monitores, para canetas, para rabanetes, para refrigerantes, entre tantas outras coisas. A questão aqui é que esses registros eram usados pela mídia oficial norte-coreana para humanizar o ditador, mostrá-lo como um homem do povo.

Nada mais do que uma tática clássica dos políticos. É só lembrar das fotografias de candidatos aqui no Brasil em época de eleição. As imagens sempre foram usadas para propaganda. Agradecimentos a Miguel Del Castillo, curador da Biblioteca de Fotografia do IMS.

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Fotógrafa Teresa Eng materializa traumas do estupro em obra com diversas camadas e papéis https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/28/fotografa-teresa-eng-materializa-traumas-do-estupro-em-obra-com-diversas-camadas-e-papeis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/28/fotografa-teresa-eng-materializa-traumas-do-estupro-em-obra-com-diversas-camadas-e-papeis/#respond Tue, 28 Nov 2017 12:57:04 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/1ba82431005f25eb0e81cae237516245-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19815

“Speaking of Scars”, da canadense Teresa Eng, está entre os meus fotolivros favoritos. Ele foi lançado em 2012 por uma editora chamada If/Then que, desconfio, só tem esse título.

Para entender o porquê de essa obra ser tão impactante, é preciso entender o contexto em que ela foi produzida. No final da década passada, Teresa estava em Calais para um projeto sobre migração. Calais, no norte França, é um ponto de passagem para quem quer chegar à Inglaterra ilegalmente. A questão é que durante a realização desse projeto, ela foi estuprada.

Num pequeno texto ao final do livro, ela explica que depois de voltar à rotina, o trauma do estupro retornava em flashbacks, em memórias que, para ela, eram incontroláveis. A fotografia então se tornaria um mecanismo para dar algum tipo de controle sobre aqueles acontecimentos. É, basicamente, um fotolivro sobre como lidar com a memória de uma desgraça.

O impressionante é que Teresa prova que é possível transformar esta sensação em algo palpável. Há uma frase do Harald Szeemann, um curador importantíssimo, que resume bem o que estou dizendo: arte é quando as emoções tomam forma, quando elas se materializam.

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Ficção e real se mesclam em ‘Chicago’, que retrata lugar criado para treinamento do Exército de Israel https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/24/ficcao-e-real-se-mesclam-em-chicago-que-retrata-lugar-criado-para-treinamento-do-exercito-de-israel/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/24/ficcao-e-real-se-mesclam-em-chicago-que-retrata-lugar-criado-para-treinamento-do-exercito-de-israel/#respond Fri, 24 Nov 2017 13:12:45 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/maxresdefault-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19804

Hoje eu trago o fotolivro de uma dupla de artistas muito interessantes, Adam Broomberg e Oliver Chanarin. Eles ficaram conhecidos, até mesmo por pessoas fora do universo da fotografia, depois que publicaram o fotolivro “Holy Bible”.

Já a obra que mostro no vídeo, “Chicago”, foi lançada em 2006 pela Steidl e pela Mack, talvez as editoras mais importantes das últimas duas décadas. Documenta um lugar chamado Chicago, que na verdade é uma cidade fictícia, que imita cidades árabes, para treinamentos do Exército de Israel.

É como se o governo carioca pegasse um estúdio de cinema e reproduzisse a geografia das favelas dominadas pelo tráfico para treinar a polícia. Essa dualidade entre realidade e ficção percorre todo o livro, e o impressionante é que tudo é verdade.

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Chinês Feng Li contraria serenidade da fotografia de rua clássica para publicar fotolivro visceral https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/21/chines-feng-li-contraria-serenidade-da-fotografia-de-rua-classica-para-publicar-fotolivro-visceral/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/21/chines-feng-li-contraria-serenidade-da-fotografia-de-rua-classica-para-publicar-fotolivro-visceral/#respond Tue, 21 Nov 2017 13:34:02 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/maxresdefault-1-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19798

Hoje trago o fotolivro “White Night”, lançado há poucos meses por uma editora muito interessante, a chinesa Jiazazhi Press. O autor, que também é chinês, chama-se Feng Li. Para quem se amarra em listas de melhores do ano, é bom guardar esse nome, porque ele estará em muitas delas.

“White Night” é uma reunião de imagens calcadas no absurdo, naquilo que o cotidiano tem de mais surreal. É fotografia de rua, mas sem aquela serenidade propagada por fotógrafos clássicos, como Cartier-Bresson, que buscavam linhas geométricas e a graça dos espaços urbanos. Feng Li é o oposto. É escroto, visceral, com um flash grosseiro. Quanto mais estranho e nonsense for, melhor.

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