Entretempos https://entretempos.blogfolha.uol.com.br Artes visuais diluídas em diferentes suportes, no Brasil e pelo mundo Sun, 28 Nov 2021 14:42:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Fotógrafo da Magnum registra 7 homens que dizem ser a reencarnação de Jesus https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/fotografo-da-magnum-registra-7-homens-que-dizem-ser-a-reencarnacao-de-jesus/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/fotografo-da-magnum-registra-7-homens-que-dizem-ser-a-reencarnacao-de-jesus/#respond Wed, 14 Mar 2018 23:21:08 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/maxresdefault-320x213.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19994

“The Last Testament”, de Jonas Bendiksen, foi o vencedor do prêmio Pictures of the Year na categoria de melhor fotolivro de 2017. Publicado em setembro pela Aperture junto à GOST, a obra do norueguês conta a história de sete homens que dizem ser a segunda reencarnação de Jesus Cristo.

Enquanto esteve com eles, o fotógrafo contou em entrevistas que se esforçou para acreditar em tudo o que diziam. Assim entenderia por que a história do retorno do Messias sempre se manteve tão poderosa. Embora exista esse discurso de respeito, a visão retratada no trabalho muitas vezes é cética e escorrega para o sarcasmo.

Isso fica mais evidente quando Bendiksen registra a rotina de Inri Cristo, figura popular no imaginário brasileiro. Como se veste com o mesmo visual de Jesus, com uma coroa de espinhos, e é acompanhado por Inricretes, Inri exala comicidade.

Para ser justo com o norueguês, a maneira como fotografar não é ácida. São as histórias que, por si só, provocam o riso –ainda mais para quem é cético.

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Lado ensolarado da baía de Guantánamo é combustível para crítica ácida de Debi Cornwall em ‘Welcome to Camp America’ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/02/20/lado-ensolarado-da-baia-de-guantanamo-e-combustivel-para-critica-acida-de-debi-cornwall-em-welcome-to-camp-america/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/02/20/lado-ensolarado-da-baia-de-guantanamo-e-combustivel-para-critica-acida-de-debi-cornwall-em-welcome-to-camp-america/#respond Tue, 20 Feb 2018 15:38:21 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/maxresdefault-150x150.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19956

Depois de um mês, volto a publicar um vídeo no canal. O fotolivro que trago, da americana Debi Cornwall, chama-se “Welcome To Camp America” e foi publicado em 2017 pela Radius Books.

Quem é viciado em fotolivros deve ter visto que ele foi citado em diversas listas de melhores do ano passado. “Welcome to Camp America” é sobre Guantánamo, prisão de segurança máxima no meio do Caribe e que abriga detentos que não têm acusações formais nos tribunais dos Estados Unidos.

Grande parte do trabalho é formada por fotos que mostram a baía de Guantánamo frequentada pelos soldados que atuam na penitenciária. Mostram um local ensolarado e de cores quentes.  Quando pensamos em Guantánamo, vem à mente a imagem da prisão.

É óbvio que existe uma oposição brutal entre o mundo interno e o externo, mas quando isso se materializa, a dualidade se torna muito absurda. Se comparada aos registros da penitenciária, superárida e minimalista, a baía de Guantánamo é um playground gigante.

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Oscar Monzon critica simbiose entre motoristas e automóveis em fotos feitas com flash superinvasivo https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/oscar-monzon-critica-simbiose-entre-motoristas-e-automoveis-em-fotos-feitas-com-flash-superinvasivo/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/oscar-monzon-critica-simbiose-entre-motoristas-e-automoveis-em-fotos-feitas-com-flash-superinvasivo/#respond Tue, 16 Jan 2018 18:07:18 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/MG_5617_1024x1024-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19944

Vou aproveitar que São Paulo voltou a ter rodízio de carros para falar sobre… carros. Obviamente, é só uma desculpa esfarrapada para trazer esse livro incrível, “Karma”, do espanhol Oscar Monzon.

A premissa principal da obra é a simbiose entre homem e máquina. Para isso, ele fotografou, do alto de uma ponte, com um flash absurdamente invasivo, carros que passavam por Madri. Monzon flagrou consumo de drogas, brigas, sexo ou apenas o tédio do trânsito.

Em muitos momentos aparece a junção dos motoristas com os seus carros, como se os automóveis tivessem sido desenhados para reproduzir a agressividades de quem os pilota.

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Cyril Costilhes esmiúça como um grande escritor desfortúnio de cidade onde pai sofreu acidente https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/11/cyril-costilhes-esmiuca-como-um-grande-escritor-desfortunio-de-cidade-onde-pai-sofreu-acidente/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/01/11/cyril-costilhes-esmiuca-como-um-grande-escritor-desfortunio-de-cidade-onde-pai-sofreu-acidente/#respond Thu, 11 Jan 2018 20:33:53 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/MAR_6127.00_01_04_17.Quadro002-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19930

Muitos escritores são elogiados pela habilidade ao descrever os locais que seus personagens habitam. O francês Cyril Costilhes é um desses, mas apenas com imagens. Ele usa as cores para perambular pela cidade de Diego Suarez, no Madagascar.

Foi lá que o pai do fotógrafo sofreu um acidente de moto e ficou demente. Demência é o termo que o próprio artista usa para definir o estado do pai. Costilhes vai à cidade dez anos após o incidente e retrata o local que criou um grande cisma em sua família.

Fotografa ruínas, corpos deformados e a natureza, um elemento incontrolável para o homem. Mais do que tentar reconstituir os fatos, reconstrói um estado de espírito. Essa é a diferença dos fotolivros bons para os memoráveis.

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Destreza de Alec Soth para interagir com estranhos faz de ‘Sleeping by the Mississippi’ um clássico https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/destreza-de-alec-soth-para-interagir-com-estranhos-faz-de-sleeping-by-the-mississippi-um-classico/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/destreza-de-alec-soth-para-interagir-com-estranhos-faz-de-sleeping-by-the-mississippi-um-classico/#respond Fri, 22 Dec 2017 13:10:03 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/maxresdefault-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19875

Este é o último vídeo do ano e, por isso, tinha de ser uma obra especial. “Sleeping By The Mississippi”, de Alec Soth, já é um clássico da fotografia. Foi esse trabalho, publicado em 2004, pela Steidl, que alçou a carreira do fotógrafo ao status que tem hoje. O livro é uma série de viagens que o Soth fez a partir de Minnesota, onde vive, até Louisiana, bem ao sul dos EUA.

É uma região que representa a América profunda. É também o mesmo trajeto do rio Mississippi, que dá nome ao livro. No caminho, ele fotografava, com uma câmera de grande formato, moradores desses locais e as paisagens pelo caminho. Os personagens do livro são, de alguma maneira, uma representação do contraste de suas vidas à obsessão americana pelo sucesso.

O que impressiona é a capacidade do artista para criar uma sensação de intimidade com essas pessoas. Há uma química muito forte nos retratos. Isso é expresso com melancolia, porque o livro é forte e silencioso ao mesmo tempo. O leitor se envolve de uma maneira profunda, até inexplicável.

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Pode um ensaio fotográfico sem tema específico ser bom? Gregory Halpern mostra como em ‘ZZYZX’ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/19/pode-um-ensaio-fotografico-sem-tema-especifico-ser-bom-gregory-halpern-mostra-como-em-zzyzx/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/19/pode-um-ensaio-fotografico-sem-tema-especifico-ser-bom-gregory-halpern-mostra-como-em-zzyzx/#respond Tue, 19 Dec 2017 12:56:10 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Sem-Título-1-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19866

Resolvi trazer “ZZYZX”, de Gregory Halpern, após um pedido feito no canal no YouTube. O fotolivro, lançado pela Mack, foi o mais citado nas listas de melhores do ano passado.

E todo ano escuto pessoas dizendo que essas listas acabam celebrando trabalhos fracos, que são esquecidos logo em sequência. O argumento vai por água abaixo apenas pelo fato de alguém ter pedido para ver “ZZYZX” um ano depois.

O que mais me interessa aqui, no entanto, é que a obra não tem um tema específico, e isso realmente me interessa na fotografia. O livro é, basicamente, uma viagem feita na costa oeste dos EUA, partindo do deserto e indo em direção ao mar.

É como se Halpern encontrasse estranhos pelo caminho e apenas tomasse impressões sobre elas e sobre as paisagens pelas quais percorre. Não tem um objetivo específico, mas recorre a uma grande tradição na fotografia: a road trip, como fez Robert Frank em “The Americans”.

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Combinação sagaz de imagens e textos percorre obra de Laia Abril sobre garota com bulimia https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/12/combinacao-sagaz-de-imagens-e-textos-percorre-obra-de-laia-abril-sobre-garota-com-bulimia/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/12/combinacao-sagaz-de-imagens-e-textos-percorre-obra-de-laia-abril-sobre-garota-com-bulimia/#comments Tue, 12 Dec 2017 12:30:10 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/THE-EPILOGUE_BOOK_005-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19851

Trouxe esse livro porque a Thais Brandão, uma assinante do meu canal no YouTube, publicou em um dos vídeos que gostaria de ver “The Epilogue”, da Laia Abril, comentado. Por sorte, tenho esse fotolivro e vou mostrar para vocês. Quem tiver sugestões, não deixe de escrever na caixa de comentários. Na medida do possível, quero atender aos pedidos.

Laia Abril é uma fotógrafa espanhola que vem se destacando nos últimos anos. Em “The Epilogue”, ela investiga a vida de uma garota norte-americana, Cammy Robinson, que morreu devido a problemas com bulimia, aos 26 anos.

Para isso, recorre a vários caminhos. Entrevista familiares e amigos próximos à garota e reproduz documentos, como trechos de diários, cartas, registros médicos, boletins escolares e até a certidão de óbito, além de imagens antigas de sua infância e adolescência. Embora seja impossível reconstituir a dor pela qual essa família passa, o livro é doloroso, ainda mais para quem tem filhos.

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‘Clap!’, catálogo de fotolivros latino-americanos contemporâneos, é lindo de ver e terrível de usar https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/05/clap-catalogo-de-fotolivros-latino-americanos-contemporaneos-e-lindo-de-ver-e-terrivel-de-usar/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/12/05/clap-catalogo-de-fotolivros-latino-americanos-contemporaneos-e-lindo-de-ver-e-terrivel-de-usar/#respond Tue, 05 Dec 2017 14:01:21 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Captura-de-Tela-2017-12-04-às-18.08-180x100.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19833

Assim como no último vídeo, trago um fotolivro que não faz parte da minha coleção, mas do acervo da biblioteca de fotografia do Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Na verdade, esse nem é um fotolivro. É um catálogo. Trata-se do catálogo “Clap!”, uma pesquisa sobre a produção contemporânea de fotolivros latino-americanos entre 2000 e 2016.

O grande problema é que, embora a publicação seja linda, com design do venezuelano Ricardo Baez, ela é difícil de ler. Mostra vários livros ao mesmo tempo, muitos deles colocados na diagonal, de um jeito bem caótico. Cada um dos livros tem um número, com uma correspondência num tabelão. É confuso, complicado demais.

Em vez de viabilizar uma maneira mais fácil de conhecer esses livros, “Clap!” traz obstáculos. É como uma cadeira muito bonita, mas pouco confortável: linda de ver, difícil de usar.

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Fotolivro compila fotos de ditador norte-coreano para discutir uso político de imagens oficiais https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/fotolivro-compila-fotos-de-ditador-norte-coreano-para-discutir-uso-politico-de-imagens-oficiais/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/fotolivro-compila-fotos-de-ditador-norte-coreano-para-discutir-uso-politico-de-imagens-oficiais/#respond Thu, 30 Nov 2017 16:12:32 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/maxresdefault-2-180x101.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19822

O divertido “Kim Jong IL Looking at Things”, fotolivro do português João Rocha, não faz parte da minha coleção, mas do acervo da Biblioteca de Fotografia do Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Como diz o título, a obra mostra o ditador norte-coreano Kim Jong Il olhando para coisas.

Parece idiota, mas força um olhar interessante sobre o uso político das imagens. Kim Jong Il morreu em 2011. Um ano antes, João Rocha criou um Tumblr no qual compilava essas imagens oficiais calculadamente cotidianas de Kim, nas quais ele olha para mapas, para tubos de metal, para trabalhadores, para garrafas dágua, para monitores, para canetas, para rabanetes, para refrigerantes, entre tantas outras coisas. A questão aqui é que esses registros eram usados pela mídia oficial norte-coreana para humanizar o ditador, mostrá-lo como um homem do povo.

Nada mais do que uma tática clássica dos políticos. É só lembrar das fotografias de candidatos aqui no Brasil em época de eleição. As imagens sempre foram usadas para propaganda. Agradecimentos a Miguel Del Castillo, curador da Biblioteca de Fotografia do IMS.

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Fotógrafa Teresa Eng materializa traumas do estupro em obra com diversas camadas e papéis https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/28/fotografa-teresa-eng-materializa-traumas-do-estupro-em-obra-com-diversas-camadas-e-papeis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2017/11/28/fotografa-teresa-eng-materializa-traumas-do-estupro-em-obra-com-diversas-camadas-e-papeis/#respond Tue, 28 Nov 2017 12:57:04 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/1ba82431005f25eb0e81cae237516245-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19815

“Speaking of Scars”, da canadense Teresa Eng, está entre os meus fotolivros favoritos. Ele foi lançado em 2012 por uma editora chamada If/Then que, desconfio, só tem esse título.

Para entender o porquê de essa obra ser tão impactante, é preciso entender o contexto em que ela foi produzida. No final da década passada, Teresa estava em Calais para um projeto sobre migração. Calais, no norte França, é um ponto de passagem para quem quer chegar à Inglaterra ilegalmente. A questão é que durante a realização desse projeto, ela foi estuprada.

Num pequeno texto ao final do livro, ela explica que depois de voltar à rotina, o trauma do estupro retornava em flashbacks, em memórias que, para ela, eram incontroláveis. A fotografia então se tornaria um mecanismo para dar algum tipo de controle sobre aqueles acontecimentos. É, basicamente, um fotolivro sobre como lidar com a memória de uma desgraça.

O impressionante é que Teresa prova que é possível transformar esta sensação em algo palpável. Há uma frase do Harald Szeemann, um curador importantíssimo, que resume bem o que estou dizendo: arte é quando as emoções tomam forma, quando elas se materializam.

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