Entretempos https://entretempos.blogfolha.uol.com.br Artes visuais diluídas em diferentes suportes, no Brasil e pelo mundo Sun, 28 Nov 2021 14:42:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Verborragia – Ensaio Palavra-Imagem com Marcelo Vicintin e Martin Parr https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2020/11/01/verborragia-ensaio-palavra-imagem-com-marcelo-vicintin-e-martin-parr/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2020/11/01/verborragia-ensaio-palavra-imagem-com-marcelo-vicintin-e-martin-parr/#respond Sun, 01 Nov 2020 10:59:55 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/7-320x213.jpg https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=21688 Para esta edição do Ensaio Palavra-Imagem, convidei o escritor Marcelo Vicintin para se deixar atravessar pelas imagens do fotógrafo britânico Martin Parr. Vicintin é autor de “As sobras de Ontem” romance de estreia publicado pela Companhia das Letras neste ano que traz um retrato do Brasil por meio da degradação de sua elite econômica. Por sua vez, Martin Parr integrante da agência Magnum é conhecido por seus ensaios documentais críticos, satíricos e antropológicos sobre algumas camadas da vida moderna e de aspectos sociais em geral, com foco principalmente na Grã Bretanha. O casamento entre os dois é de uma elegância afiada e muito bem alinhada. 

Se eu quisesse te contar como chegamos aqui, tudo que precisou acontecer para que isso finalmente acontecesse, eu teria que me alongar muito, teria que ir muito longe, e você se entediaria. Quase com certeza você perderia o interesse em algum estágio intermediário da história. Entender tudo. Não vou contar tudo também porque contar tudo não explica nada. Mas acho que a gente pode concordar com algumas coisas pelo menos. Por exemplo, quando isso tudo começou, o que existia era só o caos. E então veio esse sonho lindo, complicado, insistente: e se fosse possivel dominar o universo? Encaixotar essa bagunça toda? Ordenar o mundo? Começou assim, num sonho de racionalidade. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e Deus era o Verbo.

Foi um humanóide qualquer, duzentos mil anos atrás, quem iniciou isso tudo. Na verdade, seria mais correto supor que não foi apenas um, mas uma série deles, espalhados por sabe-se lá quantos milênios, lentamente compilando as idéias fundadoras do nosso mundo. A primeira ferramenta, a primeira palavra, o primeiro cavalo pintado na primeira caverna, a primeira mentira, o primeiro deus, a descoberta da culpa, o primeiro sacrifício, a raiva do outro e o amor ao próximo, a primeira guerra e todas as guerras depois dessa. O motor a combustão, a ogiva nuclear, e a capa de crochê para tampos de privadas. Queríamos ordem mesmo, ou foi tudo uma farsa, promovida por um Verbo que era, na verdade, apenas o verbo mentir?

Os humanóides, cansados de ser massacrados por leões, cobras e enchentes, foram pouco a pouco substituindo coisas vivas por coisas mortas. Carne por ferro, árvore por plástico. É curioso que nesse estágio tão avançado em que nos encontramos, tenhamos nos cercado de tanto plástico, não acha? Plástico é petróleo, e petróleo é basicamente uma sopa feita com os restos mortais dos dinossauros. Um dia nós também seremos uma sopa, a cobrir e ornar e entupir alguma outra civilização, tão irrelevante e ingênua quanto a nossa, tentando impor ordem ao universo usando fogo e dinamite. Talvez seja melhor admitir logo que o tal Verbo não existe, mas que existe graça nessa mentira toda.

 

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MIS prorroga mostras de Jorge Bodanzky e Martin Parr por uma semana e realiza visitações gratuitas https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/mis-prorroga-mostras-de-jorge-bodanzky-e-martin-parr-em-1-semana-e-anuncia-dias-de-visitacao-gratis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/mis-prorroga-mostras-de-jorge-bodanzky-e-martin-parr-em-1-semana-e-anuncia-dias-de-visitacao-gratis/#respond Tue, 19 Jul 2016 15:54:23 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/Reportagem-para-a-revista-Realidade-em-Belém-e-em-Paragominas-Pará-1968-Acervo-Instituo-Moreira-Salles-180x118.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=18092 O MIS (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) prorrogará em uma semana a exibição de todas as quatro mostras do projeto Maio Fotografia. Assim, as exposições “Parrtificial”, retrospectiva dedicada à obra do britânico Martin Parr, e “No Meio do Rio, Entre as Árvores”, que apresenta a produção fotográfica do cineasta paulistano Jorge Bodanzky na Amazônia, ficarão em cartaz até o dia 31 de julho, assim como “Primeiras Missões”, que exibe o acervo do MIS, e “Vertentes: Espaço de Dentro”, de André Conti, um dos artistas selecionados pelo programa Nova Fotografia 2016.

O museu também anunciou que a visitação durante o período prorrogado será gratuita. Nos dias 30 e 31, o público poderá assistir a uma mostra de filmes de Bodanzky mediante retirada de senha. Entre as obras selecionadas está “Iracema, uma Transa Amazônica”, realizado a partir da primeira ida do cineasta à Amazônia, em 1968, quando trabalhava como repórter fotográfico da revista “Realidade”. Enquanto apurava uma reportagem sobre a circulação de dinheiro falso na estrada Belém-Brasília, ele decidiu rodar o filme que acompanha a rotina de um caminhoneiro e de uma prostituta ao mesmo tempo em que critica o modelo de desenvolvimento na região.

Completam a programação os filmes “O Terceiro Milênio” (dom., às 14h), “A Propósito de Tristes Trópicos” (dom., às 16h), “Jari” (sáb., às 14h30), “Igreja dos Oprimidos” (sáb., às 16h), “Navegar Amazônia” (sáb., às 20h), “De Volta ao Terceiro Milênio” (dom., às 17h) e “No Meio do Rio” e “Entre as Árvores” (dom., às 18h). “Iracema” será exibido no sábado, dia 30, às 18h.

 
MAIO FOTOGRAFIA
QUANDO de ter. a sáb., das 12h às 21h; dom., 11h às 20h; até 31/7
ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
QUANTO R$ 6 (grátis entre os dias 26 e 31)

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Martin Parr fará fundação para preservar sua obra https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/06/27/martin-parr-fara-fundacao-para-preservar-sua-obra/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/06/27/martin-parr-fara-fundacao-para-preservar-sua-obra/#respond Mon, 27 Jun 2016 11:00:13 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/2013_parr_martin_1500-180x144.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=17744 Há pouco mais de uma semana, o fotógrafo britânico Martin Parr inaugurou no MIS-SP (Museu da Imagem e do Som) uma grande retrospectiva de sua obra. No sábado (18), dia da abertura, ele participou de uma entrevista, aberta ao público, junto ao curador da mostra, Iatã Cannabrava.

Além de fotógrafo cuja linguagem sarcástica foi copiada por milhares de artistas, Parr, 64, é curador, pesquisador, colecionador e professor. Expandiu seus tentáculos de tal maneira que, hoje, é um dos principais elementos inflacionários do pequeno, mas relevante mercado de fotolivros.

Na conversa, mediada pelo Entretempos, Parr discorreu sobre a principal mudança em sua carreira, ainda na década de 1980, quando deixou as imagens em preto e branco para mergulhar nas cores e em enquadramentos menos ortodoxos. Ele, porém, foi muito além: falou sobre a então possível saída do Reino Unido da União Europeia, a atual situação financeira da Magnum, agência da qual é presidente, e revelou que planeja abrir uma fundação para preservar sua obra.

O instituto, que nunca havia sido comentado publicamente, será em Bristol, na Inglaterra, a cerca de 190 km de Londres. Além de manter o acervo do artista, a fundação de Parr terá como objetivo estimular a produção de fotógrafos documentais britânicos. Quando perguntado pelo público se a instituição seria destinada a promover educação visual para crianças, Parr respondeu, com a costumeira ironia, que “não pode resolver todos os problemas do mundo”.

Essa não seria a única alfinetada do britânico durante a entrevista. Ao mesmo tempo em que elogiou os fotolivros latino-americanos, que, segundo ele, são carregados de muita energia, criticou a “superconceitualização” de muitos trabalhos produzidos no Brasil. Afirmou também que há entre os fotógrafos nacionais uma insistência no tema indígena, ao ponto de se perguntar qual era, afinal, a contemporaneidade do país. Em alguma –grande– medida, é impossível discordar de Parr.

Para saber mais informações sobre a retrospectiva no MIS, leia a reportagem de Silas Martí. Há ainda uma análise do Entretempos, também publicada na “Ilustrada” de sábado (18), sobre por que Martin Parr se tornou um nome tão importante na fotografia contemporânea. Abaixo, você pode assistir ao vídeo com a íntegra da entrevista realizada no dia da abertura da exposição.

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Papa da fotografia contemporânea, Martin Parr terá exposição no MIS https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/06/03/papa-da-fotografia-contemporanea-martin-parr-tera-exposicao-no-mis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/06/03/papa-da-fotografia-contemporanea-martin-parr-tera-exposicao-no-mis/#respond Wed, 03 Jun 2015 09:00:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=13956

Milhares de boias coloridas de um complexo aquático no Japão e branquelos de uma decadente praia da Inglaterra virão a São Paulo. Ao menos nas imagens de Martin Parr, 63, maior nome da fotografia contemporânea, conhecido pelos registros banhados em humor corrosivo, com o qual retrata a classe média em momentos de lazer.

O britânico fará duas exposições na cidade a partir de outubro. A primeira, na Galeria Lume, trará, entre outros, uma de seus últimas obras, “Black Country Stories”, de 2014 —produzida em uma região inglesa que vive declínio industrial e revitalização por conta dos imigrantes que chegaram à área.

A outra, em 2016, será uma retrospectiva que vai ocupar dois andares do MIS (Museu da Imagem e do Som) e ocorrerá durante a quinta edição do evento Maio Fotografia. Com curadoria do próprio Parr e do brasileiro Iatã Cannabrava —organizador do festival Paraty em Foco—, a mostra percorrerá a obra do britânico por meio dos fotolivros que publica desde os anos 1980.

Segundo Cannabrava, a parte da exposição coordenada por Parr será baseada em sua visão sobre o atual estado da fotografia e reunirá imagens de outros artistas. “A ideia é mostrar o trabalho dele sem divisões. Ele é o colecionador, o fotógrafo, o editor e o curador Martin Parr”, explica o brasileiro. “É um dos mais importantes nomes da fotografia porque é um personagem completo”, finaliza. Parr virá ao Brasil para a abertura da mostra e debates.

O olhar sarcástico sobre consumismo e classes populares —estética copiada à exaustão—, foi construído com cores saturadas e enquadramentos muito próximos aos personagens que retrata. Como numa crônica de costumes, ressalta a comicidade de litros de protetor solar, as texturas de cadeiras de praia e a cafonice de banhistas.

Presidente da lendária agência Magnum, o britânico ganhou ainda mais força nos últimos anos ao atuar como uma espécie de legitimador da qualidade de fotolivros recentes. Dentro deste micromercado, aquilo que Parr atesta tem grandes chances de se tornar um sucesso. Ao lado de Gerry Badger, ele também é responsável pelas compilações “The Photobook: A History”, atualmente em seu terceiro volume. Um trabalho minucioso de pesquisa que pretende construir um panorama do melhor já produzido entre os fotolivros.

Um exemplo do poder do artista é “Martin Parr’s Money”, de Lewis Bush. No fotolivro, encadernado com fios de ouro, há somente as notas que o fotógrafo recebeu de Parr pela compra de um outra obra de sua autoria. Segundo Bush, a ideia seria “meditar sobre a inconstância da fama artística, genialidade e riqueza”. A edição com apenas cinco unidades tem valor crescente —a última cópia custa R$ 74.300. As duas primeiras já foram vendidas.

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Não transforme sua ida à livraria em um almoço num restaurante a quilo https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/05/19/nao-transforme-sua-ida-a-livraria-em-um-almoco-num-restaurante-a-quilo/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/05/19/nao-transforme-sua-ida-a-livraria-em-um-almoco-num-restaurante-a-quilo/#comments Tue, 19 May 2015 14:36:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=13774
“Martin’s Parr Money”, fotolivro do britânico Lewis Bush

Existe sensação pior do que almoçar num restaurante a quilo, se empanturrar como um louco e sair do lugar sem nem lembrar do que comeu? Às vezes tenho essa sensação ao procurar novas publicações em livrarias, o que é triste.

Embora eu não saia comprando tudo o que vejo pela frente, de repente o descontrole bate à porta. Quando me dou conta, estou com uma pilha de coisas para levar. Na hora, a sensação é maravilhosa, mas depois fica só o peso do impulso. As razões para fazer isso são várias: empolgação em lojas especializadas, feiras que só acontecem uma vez por ano ou apenas insanidade financeira, uma vez que fotolivros –ainda mais para quem não vive de euros ou dólares– não custam o mesmo que uma feijoada.

Há cinco anos, meu vício era comprar discos de vinil. Nunca fui um colecionador –como não sou de publicações de fotografia–, mas gastava quantias generosas com bandas que gostava e com outras que não gostava também –só fui descobrir depois, como vocês verão. É a vida, a gente compra uma tonelada de coisas que não prestam por motivos sem racionalidade. Então, na minha última semana de férias, fui obrigado pela minha mulher a organizar os discos para arranjar mais espaço em casa.

Descobri não só coisas que ouvi apenas uma vez na vida e não mudou em nada esta mesma vida, como também relembrei outra tonelada de álbuns que amo, mas, sei lá o porquê, há muito não coloco para tocar. Tenho muito medo de que aconteça o mesmo com os fotolivros. Daqui a cinco anos, o que terá sido só uma compra por impulso e quais pepitas ficarão encostadas na estante, sem serem lidas? Por isso, adotei uma lista de mandamentos para comprar fotolivros. Ela foi publicada originalmente em um grupo de discussões no Facebook. Segue abaixo a versão em português.

1. Você nunca conseguirá todos os fotolivros. Aceite. Você não
é o Martin Parr –você tem restrições de tempo e dinheiro.

2. Foque o que realmente te interessa.

3. Escute a opinião dos outros, mas não a siga cegamente. Não importa o quão elevado é o status de quem está falando, é apenas um ponto de vista. Pense por você mesmo e siga seu instinto.

4. Tome cuidado com modas.

5. Seus interesses vão mudar com o tempo. Os livros que você gostava há dez, 20 anos atrás podem não ser tão bons agora.

6. Tome cuidado com a especulação.

7. Armazenamento e espaço em prateleiras são necessários.

8. Seja atencioso com seu parceiro.

9. Não compre o mesmo livro duas vezes porque sua coleção é tão desajeitada que você não consegue lembrar do que tem.

10. Livros raros e caros: coloque-os junto ao seguro da casa.

11. A internet facilita comprar livros como nunca foi possível antes, mas seja cauteloso com grandes lojas –Amazon, Book Depository etc. Podem ser baratas, mas, no final, te afastarão da diversidade.

12. Uma coisa estranha acontece quando um livro começa a ganhar valor de mercado: sua percepção sobre o trabalho será alterada para chegar ao preço atribuído por algum negociante qualquer que vive em uma terra distante. De novo, pense por você mesmo.

13. Não importa quão raro ou caro seja um livro, se mantiver os olhos abertos, provavelmente encontrará uma cópia compatível com o seu orçamento –particularmente se você é daqueles que ficam satisfeitos com cópias imperfeitas e/ou sem sobrecapa.

ps. Lembre-se, é só uma brincadeira. Invente suas próprias regras, coma o quanto quiser –em qualquer restaurante– e compre quantos fotolivros puder.

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Felipe Russo percorre região central ao amanhecer e registra SP adormecida https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/01/26/felipe-russo-percorre-regiao-central-ao-amanhecer-e-registra-sp-adormecida/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/01/26/felipe-russo-percorre-regiao-central-ao-amanhecer-e-registra-sp-adormecida/#respond Mon, 26 Jan 2015 12:24:35 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=12549 O texto abaixo foi publicado originalmente na “Ilustrada” em 24/1.

Felipe Russo precisou ir até o rio São Francisco, no Nordeste do país, para entender como deveria percorrer o centro de São Paulo. De carro, o fotógrafo seguiu o curso das águas do Velho Chico para realizar um projeto. Não rolou.

Sem saber para onde apontar sua câmera, ele percebeu que só caminhando pelo mesmo lugar diversas vezes conseguiria entender o espaço. Formado em biologia, Russo, paulistano de ascendência italiana, encontrou na repetição e na minúcia seus métodos fotográficos.

No final do ano passado, após três anos visitando a pé as zonas do Pátio do Colégio, da praça da Sé e da República, ele lançou o livro “Centro”, em que explora a região nas primeiras horas da manhã.

Diferentemente de sua imagem mais conhecida, essas áreas da cidade aparecem vazias e silenciosas. O fotógrafo ignorou as poucas pessoas que circulam no fim da madrugada e registrou arquiteturas singelas, como um antigo viaduto que corta o bairro da Bela Vista, além de objetos abandonados pelas ruas, que se tornam quase esculturas involuntárias.

Segundo Russo, 35, ao limpar os transeuntes das fotos, é possível refletir sobre a vida dessas pessoas apenas observando o espaço em que habitam. Assim, fotografias de caixotes de feira, empilhados de maneira sutil, e de um ônibus estacionado, imponente sobre a avenida Nove de Julho, funcionam como pegadas e pistas de moradores e passantes da cidade.

“É muito diferente percorrer esses espaços a pé. Tem uma coisa no centro que é o cheiro, a temperatura, têm coisas que você só percebe caminhando”, defende ele. “Você vai às 5h, vê tudo adormecido e dá de cara com o caminhão-pipa da prefeitura lavando as ruas. Uma coisa que me marcou foi o cheiro de creolina.” Mas se a atmosfera é oposta à do turbilhão de pessoas e de cores dos ambulantes, a paleta cinza de São Paulo continua presente.

PASTEL
Nos prédios, calçadas e também no céu, Russo procurou anular a profundidade e a saturação das imagens, como um filtro que planifica a paisagem. “Se você olhar a 25 de Março, a maioria das cores ali é forte. Mas a cidade joga uma camada por cima que deixa tudo meio pastel.”

Embora esse tom dê ao livro um certo ar de melancolia, o fotógrafo se recusa a entender o trabalho desta maneira. Ele enxerga nas aparentes ruínas que registrou a possibilidade de reconstrução. Não por acaso, a fotografia de um piso de pedras portuguesas, todo quebrado, marca o final de “Centro”.

“O [fotógrafo] Arnaldo Pappalardo disse, ao pegar o livro, que vê ali a chance de a cidade ser remontada. Aquelas pedras podem ser retiradas e isso vai ser um solo novo”, explica. “Incomoda essa coisa da inevitabilidade. No fim, a areia é a estrutura básica da pedra, então a pedra vira areia quando se desfaz.”

Logo após ser lançado, “Centro” ganhou atenção de artistas cultuados. O britânico Martin Parr, ícone da fotografia contemporânea, selecionou o livro como um dos melhores do ano passado na lista da revista “Time”.

Assim como ele, o companheiro de Parr na agência Magnum, o norte-americano Alec Soth, também se derreteu em elogios. No Brasil, Guilherme Wisnik, curador da última Bienal de Arquitetura de São Paulo, não só gostou da obra, como escreveu o texto presente na publicação.

Para ele, as imagens de Russo funcionam “como metáfora de um desejo lúdico latente sob as ruas da cidade, prestes a emergir”. O fotógrafo concorda. “Eu não sei se a minha visão é otimista, mas acho que ela entra num buraco entre a aceitação e um ‘eu ainda acredito’, sabe?”

CENTRO
AUTOR Felipe Russo
EDITORA independente
QUANTO R$ 70 (64 págs.)

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Sem coerência, livros com embalagens pop e fru-fru só disfarçam fotos ruins https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/29/sem-coerencia-livros-com-embalagens-pop-e-fru-fru-so-disfarcam-fotos-ruins/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/29/sem-coerencia-livros-com-embalagens-pop-e-fru-fru-so-disfarcam-fotos-ruins/#comments Thu, 29 May 2014 12:32:24 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=8618 A sisuda “The Economist” foi repaginada pelo espanhol Carlos Spottorno em “Pigs”, livro com imagens irônicas dos países europeus em crise.

A “¡Hola!”, publicação de celebridades, irmã da brasileira “Caras”, ganhou uma versão crítica batizada “¡Ahlan!” pelas mãos de Nuria Carrasco. Da mesma forma, o modelo de folhetins femininos também foi capturado pelo britânico Martin Parr em seu último trabalho, “Black Country Women”.

Mas a moda entre nomes importantes da fotografia não é apenas a reprodução da estética de revistas. Obras clássicas, como o livro vermelho de Mao Tse Tung e até a Bíblia, com marcador de tecido vermelho e tudo, também ganharam adaptações que simulam seus moldes originais.

A fotógrafa espanhola Cristina de Middel lançou recentemente, pela editora mexicana RM, o fotolivro “Party”. Calcado n’“O Livro Vermelho”, guia da Revolução Cultural chinesa nos anos 1960, o fotolivro brinca com as frases que sintetizam a ideologia comunista do então presidente asiático.

Com litros de corretivo líquido, o popular “branquinho”, a fotógrafa apaga parágrafos da obra até chegar em sentenças que combinam, de forma irônica, com as suas imagens. Por exemplo: ao lado da foto de uma garota oriental dançando, de Middel edita frases como “If there is to be a revolution, must be a party” (Se for uma revolução, tem que ser uma festa). O deboche com as traduções de “party” (pode ser tanto “festa” quanto “partido”) se arrastam pelas fotografias. A estrutura da publicação imita até mesmo o tamanho original e a textura da capa do livro vermelho.

Da mesma forma acontece com “Holy Bible”, da dupla sul-africana Adam Broomberg & Oliver Chanarin, editado pela Mack. Parte de uma trilogia, a bíblia dos artistas repete o esqueleto do livro religioso, mas insere imagens do Archive of Modern Conflict (Arquivo do Conflito Moderno), recheado de violência, e conecta com frases do escrito popularmente conhecido.

Em uma das páginas, a fotografia de uma mulher sendo arrastada e agredida por policiais é “colada” sobre a obra original. Na página ao lado, a frase “estranhos se levantam contra mim, e os opressores procuram a minha alma”, presente no texto original, é destacada com um fino traço vermelho.

Certamente, há outras obras anteriores que usaram publicações clássicas para resignifcar seu sentido. O que chama a atenção é a quantidade de livros deste tipo lançados ao mesmo tempo e a relevância dos nomes envolvidos.

A repetição, obviamente, não é tópico novo na fotografia. Além da obra-prima “O Instante Contínuo” (Companhia das Letras, 2008), do escritor britânico Geoff Dyer, que destrincha a frequência com que temas e modos de fotografar se repetem, uma simples observação nos fotolivros atuais já nos dá a certeza que certos recursos rapidamente se tornam modismos.

Em “Redheaded Peckerwood”, livro do americano Christian Patterson, lançado em 2011, o artista utiliza documentos, cartazes e mapas para contar a história de um crime. Junto às imagens, reproduções de cartas e recibos aparecem fisicamente e “soltos” pela obra, como registros tridimensionais. A preciosidade produzida pelo autor foi o gatilho para a disseminação da prática. Patterson pode não ter sido o primeiro, mas “Redheaded Peckerwood” se tornou símbolo do artifício.

Assim, outras obras passaram a incluir, cada vez mais, bilhetes, ingressos e outros tipos de memorabília. Algumas delas de forma muito inteligente, caso do lindo trabalho “Speaking of scars”, da canadense Teresa Eng. Outros, de maneira artificial, como em “I remember”, de Juan Santos, em que os objetos soltos apenas mascaram um livro mediano e mal fotografado.

Aí é que está o problema. A imensa maioria dos exemplos citados aqui exibem trabalhos com força e contexto que justificam as escolhas visuais empregadas. Quando há coerência, não importa se é moda ou não. Mas há sempre um oceano de livros que apenas reproduzem embalagens pop que nada acrescentam à leitura final. Elementos facilmente atrativos, recheados de fru-fru, que só disfarçam projetos ruins. São armadilhas que podem ser evitadas.

A desconfiança aparece quando o único ponto importante de uma obra é o seu formato e não o conteúdo que carrega. Uma grande evolução no universo dos fotolivros atuais foi o abandono do tratamento simplista de que uma publicação impressa é apenas um objeto bidimensional. Mas, independente do trabalho ser cheio de peças soltas ou a incorporação do projeto gráfico de uma publicação clássica, estes pontos precisam sempre ser instrumentos que auxiliam na experiência total da fotografia. Afinal, ainda são fotolivros.

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Fotógrafos abraçam estética de revista e livros em obras contestadoras https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/26/fotografos-abracam-estetica-de-revista-e-livros-em-obras-contestadoras/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/26/fotografos-abracam-estetica-de-revista-e-livros-em-obras-contestadoras/#comments Mon, 26 May 2014 13:42:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=8556 O texto abaixo foi publicado no site da Folha em 20/5 por Silas Martí. A ideia da pauta surgiu a partir de uma conversa entre uma das metades do blog com o ótimo repórter da “Ilustrada”. Ainda nesta semana, o Entretempos posta aqui uma análise sobre esta onda de simulação da estética de revistas e livros clássicos dentro da fotografia contemporânea.

Nas páginas de “Kalas”, uma réplica um tanto subversiva da revista “Caras”, a marca de cosméticos Clinique vira Cronique e Louis Vuitton se transforma em Luis Votton em anúncios que em nada lembram a ideia de glamour.

Também saem de cena as celebridades para dar lugar a gente que vive na periferia do balneário colombiano de Cartagena, da massagista da praia a cabeleireiras e o rapaz que cuida de uma granja.

Nuria Carrasco, artista espanhola, está por trás dessa transformação. Um dos nomes escalados para a primeira edição da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Cartagena de Indias, que aconteceu de fevereiro a abril deste ano, ela passou duas semanas na cidade criando sua revista.

É um trabalho semelhante a outra obra que realizou num campo de refugiados na Argélia, em que retratou beduínos fugidos com a mesma ótica do tabloide “Hola!” -e toda superficialidade de praxe nesse tipo de publicação.

“Todas as sociedades dependem do esforço e do sofrimento de muita gente”, diz Carrasco. “Falar dessas pessoas que enfrentam um problema social muito grave nas páginas de uma revista que fala da alta sociedade me pareceu uma maneira de provocar uma reflexão sobre isso.”

No caso, é uma provocação ancorada no deslocamento, a ideia de subjugar o código de uma publicação conhecida, como a “Caras”, para sublinhar o que a artista considera absurdos cotidianos —”Kalas”, na língua dos quilombos de Cartagena, também quer dizer “rostos”, mas traz uma conotação crítica.

É a mesma ideia por trás de obras recentes de outros fotógrafos que vêm parodiando a lógica das revistas para dar nova leitura a suas séries.

O também espanhol Carlos Spottorno surrupiou o logotipo e a diagramação da revista britânica “The Economist” para criar a ácida série “The Pigs”.

Usando como âncora conceitual a sigla em inglês cunhada pela imprensa especializada em economia para os países mais afundados na crise econômica que varre a Europa há seis anos —Portugal, Itália, Grécia e Espanha-, Spottorno estabelece um paralelo com porcos, o significado literal de “pigs”.

“Esse jogo de palavras acaba virando um diagnóstico, como se esses países fossem porcos e merecessem essa crise”, diz o artista. “Talvez a revista até tenha razão e sejamos mesmo todos porcos. Passamos de impérios centrais à civilização europeia a países de segunda categoria. Alguma coisa deu errado.”

Spottorno brinca que isso tem a ver com o calor. Suas imagens dos países em crise foram todas feitas no verão, criando um panorama ensolarado de casas abandonadas e outros vestígios da ruína econômica no Mediterrâneo.

“Trabalhei sempre nos meses de verão porque esse mundo do sul da Europa se entende melhor no calor”, diz o artista. “Isso virou uma espécie de tragicomédia, com certo humor, mas nem tanto, porque a coisa é bem séria.”

IRONIA BARATA

Nesse mesmo tom, o fotógrafo britânico Martin Parr inventou uma revista que não existia para retratar a pobreza e falta de perspectivas da região inglesa chamada de Black Country, um dos berços da revolução industrial.

A publicação lembra exemplos mais baratos de revistas femininas, com receitas de bolo e editoriais de moda com mulheres reais das comunidades locais e roupas que compraram em pontas de estoque e supermercados.

Famoso por seus retratos irônicos da classe média britânica, em especial pelos flagras de famílias burguesas em férias nos balneários do Reino Unido, Parr usou textos da romancista Margaret Drabble, que também reflete sobre rachas sociais no país, para ilustrar seu exemplar de “Black Country Women”.

“Há um grande sentido de humor e ironia nisso tudo”, diz Parr. “Quis imitar o estilo dessas revistas femininas e ao mesmo tempo conquistar um novo público para essa autora. É a simples subversão daquilo que poderia estar numa revista”, afima o ícone britânico da fotografia contemporânea.

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Festival de Arles anuncia edição com David Bailey, Martin Parr e Vik Muniz https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/04/14/festival-de-arles-anuncia-edicao-com-david-bailey-martin-parr-e-vik-muniz/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/04/14/festival-de-arles-anuncia-edicao-com-david-bailey-martin-parr-e-vik-muniz/#respond Mon, 14 Apr 2014 15:36:40 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=7667 Um dos festivais de fotografia mais importantes do mundo, o Les Rencontres d’Arles, realizado na França, anunciou hoje a programação de sua 45a edição.

O evento, que acontece entre os dias 7/7 e 21/9, promoverá 50 exposições de nomes como o brasileiro Vik Muniz, o britânico David Bailey –famoso tanto pelos retratos de moda quanto pela inspiração que levou ao protagonista de “Blow Up”, de Antonioni– e também o ícone contemporâneo Martin Parr.

A edição de 2014 marca também a despedida de François Hebel, diretor do festival nos últimos 13 anos. A decisão, comunicada em novembro, acontece após uma série de embates entre Hebel e o Ministério da Cultura da França junto a fundação Luma, dirigida pela colecionadora de arte Maja Hoffmann.

Em 2017, a fundação vai inaugurar no Parc des Ateliers, onde a maioria das exposições dos “Encontros” acontecem, um centro de arte contemporânea projetado pelo arquiteto vencedor do Pritzker Frank Gehry. Segundo Hebel, a venda do espaço para a organização compromete a realização do festival.

Em entrevista ao British Journal of Photography, Hebel afirmou as razões para a renúncia. “Em quatro anos, ninguém se sentou com Hoffmann para negociar. Por duas vezes, ela disse que o festival seria expulso. Por que o ministro da Cultura fala sobre bagunça quando poderia ter evitado isso?”.

Um dos destaques desta edição é a mostra de 80 anos de Lucien Clergue (acima), um dos fundadores do festival. “Men and Women of Lucien Clergue” exibe trabalhos do fotógrafo, que na maior parte da carreira registrou corpos nus, em lindos grafismos e com predileção pela forma, além de retratos do pintor Pablo Picasso e cenas do cotidiano em Arles na década de 1950.

A cidade espera receber mais do que os 96 mil visitantes da edição de 2013 do festival. Além de Martin Parr, que se apresentará como um colecionador ao exibir livros chineses, e as conhecidas imagens de Vik Muniz, construídas a partir de uma infinidade de materiais inusitados, o público ainda poderá conferir mostras de Raymond Depardon, Leon Gimpel, Erik Kessels, Denis Rouvre, a coleção de Artur Walther, o casal Mazaccio & Drowila, Vincent Perez e uma exposição sobre objetos que dão suporte para fotografias.

Você pode conferir tudo desta edição dos encontros de Arles clicando aqui.

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Vem aí https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/01/13/vem-ai/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/01/13/vem-ai/#respond Mon, 13 Jan 2014 15:37:40 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=6107 Voltamos!

Para começar, alguns dos destaques que você vai topar por aí em 2014.

Gustavo Lacerda
A série de imagens de albinos fotografados pelo mineiro Gustavo Lacerda deve finalmente ser lançada em forma de livro pela editora Madalena. As fotografias, que foram selecionadas pela coleção Pirelli/Masp em 2010, são um trabalho bonito sobre a relação entre fotógrafo e personagem. O livro vai para gráfica em fevereiro e deve ser lançado até o mês de abril deste ano.

Alberto Lizaralde
Em 2013, o espanhol Alberto Lizaralde produziu o protótipo de um fotolivro chamado “Everything Will Be OK”, que conta a história da morte de um amigo. A obra é feita de dípticos de objetos quebrados e registros de rostos tristes. O projeto, finalista do concurso da editora RM, deve se tornar livro.

Cristina de Middel
O frisson em torno da autora de “The Afronauts” não deve acabar tão cedo. No primeiro semestre, a fotógrafa espanhola vai lançar, pela editora mexicana RM, o fotolivro “Party”, uma brincadeira com “O Livro Vermelho”, de Mao Tse Tung. A ironia das possíveis traduções para “party” (pode ser tanto “festa” quanto “partido”) se arrastam pelas imagens. Para completar, a diretora Frances Bodomo está produzindo “Afronauts”, filme baseado na mesma história do professor de ciências da Zâmbia que sonhou construir o primeiro projeto espacial da África. O que deixa tudo ainda mais interessante é que a própria de Middel está dirigindo um filme sobre os afronautas ao lado do fotógrafo Pep Bonet e do editor Jose Bautista. Os dois trailers você vê abaixo.

Martin Parr e Gerry Badger
Os ingleses Martin Parr e Gerry Badger lançarão em março a terceira e última parte do índex gigantesco de fotolivros que a dupla vem catalogando desde 2004, quando saiu a primeira parte de “The Photobook: A History”. As imagens e  fichas explicativas sobre as obras são uma enorme contribuição para a fotografia e já geraram filhotes como “Fotolivros Latino-Americanos”, de Horacio Fernández, lançado nos mesmo moldes pela Cosac Naify.

Walker Evans e Seydou Keïta
A editora Cosac Naify vai lançar em abril mais dois volumes da coleção Photo Poche, composta por fotógrafos clássicos editados em pequenos livros que cabem no bolso. Dessa vez serão Walker Evans e Seydou Keïta. De um lado, um dos fotógrafos americanos mais cultuados de todos os tempos. De outro, o malinense que produziu retratos fantásticos de sua comunidade local.

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