Entretempos https://entretempos.blogfolha.uol.com.br Artes visuais diluídas em diferentes suportes, no Brasil e pelo mundo Sun, 28 Nov 2021 14:42:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Holandês Erwin Olaf explora melancolia com estética da publicidade e da moda https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/03/12/holandes-erwin-olaf-explora-melancolia-com-estetica-da-publicidade-e-da-moda/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2018/03/12/holandes-erwin-olaf-explora-melancolia-com-estetica-da-publicidade-e-da-moda/#respond Mon, 12 Mar 2018 23:03:35 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/The-Hairdresser-1438x1020-320x213.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19981 Se pudesse escolher, o fotógrafo holandês Erwin Olaf teria o torso hiperdefinido, a boca fina e o rosto sem rugas. Ele, porém, sabe que não há muito o que fazer. Como sofre de enfisema pulmonar desde 1996, imagina que viverá permanentemente com um cateter de oxigênio.

A barba, sem fazer, combinaria com os cabelos brancos e desgrenhados. Olaf tem 58 anos. Ainda que esteja mais próximo do pessimismo que pintou para si, ele não aparenta a idade que tem. Entre a ambição e o temor, o certo é que “I Wish, I Am, I Will Be” (eu desejo, eu sou, eu serei), série de autorretratos que integra a primeira mostra do holandês no país, expressa o tema central na obra do fotógrafo: a fantasia.

Desde sábado (10), o Museu da Imagem e do Som de São Paulo repassa os últimos 15 anos da carreira de Olaf, que despontou na década de 1980 com retratos em preto e branco de anões, grávidas e obesos, quase totalmente nus e em poses eróticas que insinuam dominação. Desde então, o holandês ganhou projeção tanto com trabalhos autorais sobre frustração, melancolia e tédio quanto com peças publicitárias e ensaios de moda, sem definir limites rígidos entre as áreas.

A estética das séries “Rain” (chuva) e “Keyhole” (buraco da fechadura), por exemplo, remete a catálogos de alta costura e de design de luxo. Aqui, porém, o pós-tratamento aplicado às imagens oferece ares de ficção aos ensaios. Por vezes, como na obra “Le Denier Cri” (o último grito), esses efeitos computadorizados são propositadamente exagerados, com texturas artificiais e rostos distorcidos a partir da introdução de objetos sob a pele. Olaf satiriza os excessos de cirurgias plásticas e da obsessão pelo corpo perfeito.

Mas, na maioria das séries do artista, o pós-tratamento, ainda que evidente, aparece de maneira mais sutil. Reforça somente a ideia de que tudo se torna performance na presença de uma câmera. “Quando tenho uma ideia”, conta Olaf à Folha, por telefone, “chamo meus assistentes para discutir a imagem”.

“Figurinista, produtor de objetos, maquiador, todos participam dessa etapa. E então faço croquis básicos do que vou fotografar.” Uma equipe de até dez pessoas, explica o artista, trabalha para realizar uma só fotografia. Em um escala de megalomania, o holandês fica atrás do fotógrafo americano Gregory Crewdson, cuja produções se assemelham à do cinema. Ele não deixa, contudo, de impressionar pelas cenas meticulosamente ensaiadas.

A mostra no MIS exibirá apenas uma imagem da série “Grief” (luto), uma das mais conhecidas do fotógrafo, na qual imagina reações de americanos ao assassinato do ex-presidente J. F. Kennedy, em 1963. O vestuário parece feito para o elenco de “Mad Men”, e a paleta de cores faz referência aos anos 1950 e 60. Ninguém sorri nas imagens, e cada movimento dos personagens é calculado, criando uma tensão incessante.

A angústia dos trabalhos de Olaf não aparece no jeito de falar do fotógrafo, leve e gentil —o que não representa um contrassenso, segundo ele. “Posso tomar café da manhã feliz e dormir triste, isso é a vida”, afirma. “Só quero celebrar a liberdade do corpo, da sexualidade, do indivíduo.”

Para Talita Virgínia, que assina a curadoria da mostra com Cristiane de Almeida, as discussões sobre individualidade podem ser vistas no vídeo “Separation” (separação), de 2003, no qual pessoas completamente cobertas por roupas de vinil aparecem em ações cotidianas.

“Não é possível distinguir quem é homem, mulher ou criança. Elas se unem pela prática de ações repetitivas, o que faz com que elas nem se deem conta de quem são”, diz. Ao todo, a exposição reúne 22 fotografias e dez vídeos, entre eles “Shangai”, obra inédita que emula outdoors de metrópoles. O trabalho exibe vídeos verticalizados, nos quais mulheres se dirigem ao espectador e fazem pedidos.

Olaf utiliza a linguagem publicitária, tão presente em sua obra, para mostrar os desejos dos jovens na cidade chinesa, “efervescente e ao mesmo tempo com resquícios de uma sociedade ditatorial”, explica Talita.

Havia a possibilidade de que o fotógrafo viesse ao Brasil para acompanhar a abertura da mostra. A ideia foi abortada devido ao enfisema. Questionado sobre o quanto a melancolia de suas imagens representa quem ele é, Olaf diz que “em 24 horas pode sair da tristeza profunda e entrar na mais alta felicidade”. “Hoje, no entanto, estou numa praia em Bali, fugindo do frio europeu, então vou celebrar a vida.”

ERWIN OLAF: TENSÃO
QUANDO até 8/4; de ter. a sáb., das 12h às 20h, dom. e fer., das 11h às 19h;
ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
QUANTO R$ 10 (inteira)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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Marcelo Brodsky aproxima refugiados que tentam cruzar o Mediterrâneo de exilados de ditaduras https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/15/marcelo-brodsky-aproxima-exilados-de-ditaduras-a-refugiados-que-tentam-atravessar-o-mediterraneo/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/15/marcelo-brodsky-aproxima-exilados-de-ditaduras-a-refugiados-que-tentam-atravessar-o-mediterraneo/#respond Tue, 15 Nov 2016 14:27:50 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/Madonna-del-Pireo-Grecia-2016-Yannis-Kolesidis-intervention-by-M-Brodsky-180x117.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=19061 Em 1967, 32 estudantes posaram para um retrato. Sentados na arquibancada de uma sala de música, os alunos estão sorrindo. Os meninos usam terno, as meninas, casacos e vestidos. Duas delas seguram uma placa, que os identifica: sexta divisão do primeiro ano do Colégio Nacional de Buenos Aires. Quase três décadas depois, o argentino Marcelo Brodsky, presente na foto, retomou o registro escolar. Utilizando giz de cera, o artista escreveu o destino de cada um dos colegas sobre a imagem. Erik e Alvaro foram viver em Madri. Ana foi para Israel há 20 anos. Silvia tornou-se fisioterapeuta. Claudio morreu num confronto com o Exército. Pablo também, mas devido a uma enfermidade. Martín foi o primeiro a ser sequestrado –nem chegou a conhecer seu filho, Pablo.

O que seria uma simples recordação da turma daquele colégio virou uma representação dos casos de horror que permearam a ditadura argentina. No retrato há desaparecidos, sobreviventes e exilados. Embora a obra de Brodsky tenha sido produzida há 20 anos, o trabalho voltou a ser celebrado por duas razões: no final de outubro, o MET (Metropolitan Museum of Art), em Nova York, adquiriu “La Clase”, cujo processo é o ponto de partida para uma mostra com curadoria de Priscila Arantes no Paço das Artes, agora fixado dentro do Museu da Imagem e do Som de SP.

marcelo-brodsky-1996

Na exposição, o argentino volta a resgatar memórias pessoais para chamar a atenção para a questão dos refugiados, que, em sua maioria, saem da África e da Síria em direção à Europa. Numa pequena e escondida sala no último andar do MIS, Brodsky toca o tema de três maneiras: com imagens do período em que ficou exilado na Espanha; com fotos de seu arquivo familiar, já que seus avós, de origem russa, imigraram para a América do Sul na virada do século 19 para o 20; com registros de imigrantes que tentam cruzar o Mediterrâneo feitos por agências de notícias.

Nos dois últimos casos, as obras receberam a intervenção do artista nos mesmo moldes de “La Clase”. Na imagem principal, que abre a mostra, uma foto em preto e branco de refugiados com roupas pesadas ganha frases como “queremos que nos recebam” e “o asilo é um direito”, além de cores em pedaços do vestuário dos personagens. Brosdky direciona o olhar do espectador para detalhes que poderiam passar despercebidos. No canto inferior à extrema esquerda desta mesma foto, escreve “branding” abaixo da logomarca de uma mochila da Puma. Noutra, pinta apenas o bote com dezenas de africanos resgatados por um navio italiano. Esses registros dramáticos, que devido ao volume gigantesco de imagens sobre o assunto ficaram saturados, são renovados a partir de uma estética que à primeira vista parecem suavizar o tema. Ao observar as obras com mais cuidado, no entanto, percebe-se o olhar intenso de uma menina, marcado pelo argentino com giz roxo, assim como o contraste entre o colorido de pequenas porções de terra e os refugiados africanos, todos em preto e branco, realça ainda mais a celebração destes ao chegar à Espanha.

Autorretrato fusilado

Com os registros de sua família e de si próprio, Brodsky traça uma linha que liga os processos migratórios do passado aos atuais. Para o artista, todos são refugiados, “ou a qualquer momento, podem vir a sê-los”. Na foto em que sua avó Rosa Masevich de Brodsky aparece rodeada de outras mulheres, o argentino escreveu tanto a frase “tudo parece tranquilo” quanto “o futuro é incerto”, nada diferente da atmosfera que envolve “La Clase”. Essa narrativa comum aproxima refugiados sírios e africanos aos tantos italianos e japoneses, por exemplo, que vieram tentar a vida no Brasil. Na Espanha, Brodsky fez um “Autorretrato Fuzilado”, no qual aparece com os braços abertos, como se estivesse estirado contra a parede, mas com o rosto encoberto por uma árvore. Essa parece ser a condição permanente de quem está fora de seu lugar, em trânsito, sempre fugindo de algo.

MIGRAÇÕES
ARTISTA
Marcelo Brodsky
ONDE Paço das Artes, dentro do Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 11-2117-4777)
QUANDO de ter. a sáb., das 12h às 20h; dom., das 11h às 19h, até 20/11
QUANTO grátis

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MIS exibirá acervo da revista suíça ‘Camera’, que publicou os primeiros trabalhos de Robert Frank https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/07/mis-exibira-acervo-da-revista-suica-camera-que-publicou-os-primeiros-trabalhos-de-robert-frank/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/07/mis-exibira-acervo-da-revista-suica-camera-que-publicou-os-primeiros-trabalhos-de-robert-frank/#respond Mon, 07 Nov 2016 17:45:59 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/Large_H1000xW950-180x119.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=18894 Após trazer uma retrospectiva de Martin Parr, o MIS (Museu da Imagem e do Som) prepara uma mostra com fotos da cultuada revista suíça “Camera”. A exposição, parte da programação 2017 do “Maio Fotografia”, exibirá um recorte do arquivo de 2 mil imagens do período entre 1966 e 1981, quando o norte-americano Allan Porter esteve à frente do periódico. Além de negativos, cromos e reproduções, também foram preservadas cartas de fotógrafos para o editor.

Fundada em 1922, na cidade de Lucerna, a revista foi pioneira ao exibir obras de Robert Frank, autor de “The Americans”, e de Edward Steichen (1879-1973). Testemunhou a era de ouro da fotografia documental, assim como o uso da cor em trabalhos artísticos. Importantes nomes como Josef Koudelka, Ralph Gibson, Duane Michals e Eikoh Hosoe publicaram suas fotografias na “Camera”. Em 2015, o acervo de Porter foi vendido para o psiquiatra e fotógrafo Wulf Rössler, professor de pós-graduação da USP, que acertou a exposição das imagens com o museu.

O arquivo está sendo higienizado e catalogado em Zurique com a ajuda de um time do MIS liderado por Patrícia Lira, coordenadora de equipe museológica da instituição paulistana. A revista, que voltou a ser editada em 2013, após 32 anos, foi um influente periódico que, sob a direção de Porter, passou a introduzir mais fotógrafos norte-americanos ao público europeu.

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MIS prorroga mostras de Jorge Bodanzky e Martin Parr por uma semana e realiza visitações gratuitas https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/mis-prorroga-mostras-de-jorge-bodanzky-e-martin-parr-em-1-semana-e-anuncia-dias-de-visitacao-gratis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/mis-prorroga-mostras-de-jorge-bodanzky-e-martin-parr-em-1-semana-e-anuncia-dias-de-visitacao-gratis/#respond Tue, 19 Jul 2016 15:54:23 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/Reportagem-para-a-revista-Realidade-em-Belém-e-em-Paragominas-Pará-1968-Acervo-Instituo-Moreira-Salles-180x118.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=18092 O MIS (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) prorrogará em uma semana a exibição de todas as quatro mostras do projeto Maio Fotografia. Assim, as exposições “Parrtificial”, retrospectiva dedicada à obra do britânico Martin Parr, e “No Meio do Rio, Entre as Árvores”, que apresenta a produção fotográfica do cineasta paulistano Jorge Bodanzky na Amazônia, ficarão em cartaz até o dia 31 de julho, assim como “Primeiras Missões”, que exibe o acervo do MIS, e “Vertentes: Espaço de Dentro”, de André Conti, um dos artistas selecionados pelo programa Nova Fotografia 2016.

O museu também anunciou que a visitação durante o período prorrogado será gratuita. Nos dias 30 e 31, o público poderá assistir a uma mostra de filmes de Bodanzky mediante retirada de senha. Entre as obras selecionadas está “Iracema, uma Transa Amazônica”, realizado a partir da primeira ida do cineasta à Amazônia, em 1968, quando trabalhava como repórter fotográfico da revista “Realidade”. Enquanto apurava uma reportagem sobre a circulação de dinheiro falso na estrada Belém-Brasília, ele decidiu rodar o filme que acompanha a rotina de um caminhoneiro e de uma prostituta ao mesmo tempo em que critica o modelo de desenvolvimento na região.

Completam a programação os filmes “O Terceiro Milênio” (dom., às 14h), “A Propósito de Tristes Trópicos” (dom., às 16h), “Jari” (sáb., às 14h30), “Igreja dos Oprimidos” (sáb., às 16h), “Navegar Amazônia” (sáb., às 20h), “De Volta ao Terceiro Milênio” (dom., às 17h) e “No Meio do Rio” e “Entre as Árvores” (dom., às 18h). “Iracema” será exibido no sábado, dia 30, às 18h.

 
MAIO FOTOGRAFIA
QUANDO de ter. a sáb., das 12h às 21h; dom., 11h às 20h; até 31/7
ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
QUANTO R$ 6 (grátis entre os dias 26 e 31)

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Martin Parr fará fundação para preservar sua obra https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/06/27/martin-parr-fara-fundacao-para-preservar-sua-obra/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/06/27/martin-parr-fara-fundacao-para-preservar-sua-obra/#respond Mon, 27 Jun 2016 11:00:13 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/2013_parr_martin_1500-180x144.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=17744 Há pouco mais de uma semana, o fotógrafo britânico Martin Parr inaugurou no MIS-SP (Museu da Imagem e do Som) uma grande retrospectiva de sua obra. No sábado (18), dia da abertura, ele participou de uma entrevista, aberta ao público, junto ao curador da mostra, Iatã Cannabrava.

Além de fotógrafo cuja linguagem sarcástica foi copiada por milhares de artistas, Parr, 64, é curador, pesquisador, colecionador e professor. Expandiu seus tentáculos de tal maneira que, hoje, é um dos principais elementos inflacionários do pequeno, mas relevante mercado de fotolivros.

Na conversa, mediada pelo Entretempos, Parr discorreu sobre a principal mudança em sua carreira, ainda na década de 1980, quando deixou as imagens em preto e branco para mergulhar nas cores e em enquadramentos menos ortodoxos. Ele, porém, foi muito além: falou sobre a então possível saída do Reino Unido da União Europeia, a atual situação financeira da Magnum, agência da qual é presidente, e revelou que planeja abrir uma fundação para preservar sua obra.

O instituto, que nunca havia sido comentado publicamente, será em Bristol, na Inglaterra, a cerca de 190 km de Londres. Além de manter o acervo do artista, a fundação de Parr terá como objetivo estimular a produção de fotógrafos documentais britânicos. Quando perguntado pelo público se a instituição seria destinada a promover educação visual para crianças, Parr respondeu, com a costumeira ironia, que “não pode resolver todos os problemas do mundo”.

Essa não seria a única alfinetada do britânico durante a entrevista. Ao mesmo tempo em que elogiou os fotolivros latino-americanos, que, segundo ele, são carregados de muita energia, criticou a “superconceitualização” de muitos trabalhos produzidos no Brasil. Afirmou também que há entre os fotógrafos nacionais uma insistência no tema indígena, ao ponto de se perguntar qual era, afinal, a contemporaneidade do país. Em alguma –grande– medida, é impossível discordar de Parr.

Para saber mais informações sobre a retrospectiva no MIS, leia a reportagem de Silas Martí. Há ainda uma análise do Entretempos, também publicada na “Ilustrada” de sábado (18), sobre por que Martin Parr se tornou um nome tão importante na fotografia contemporânea. Abaixo, você pode assistir ao vídeo com a íntegra da entrevista realizada no dia da abertura da exposição.

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Feira Plana deixa MIS e negocia 5ª edição na Bienal https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/03/22/feira-plana-deixa-mis-e-negocia-5a-edicao-na-bienal/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/03/22/feira-plana-deixa-mis-e-negocia-5a-edicao-na-bienal/#respond Tue, 22 Mar 2016 16:21:33 +0000 https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/files/2016/03/Feira0039_copy-180x120.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=17591 Após quatro anos, a Feira Plana, maior evento de publicações independentes do Brasil, deixará de ser realizada no MIS (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) e deverá ocupar o prédio da Bienal. O acordo entre Bia Bittencourt, criadora da Plana, e a fundação está “bem encaminhado” e será fechado em breve, diz Emilia Ramos, gerente de relações institucionais e captação da Bienal.

Segundo Bia, que também é editora de vídeo da TV Folha, a mudança ocorre devido ao crescimento da feira e à demanda por mais espaço. “O MIS foi muito adorável para a Plana, sempre ajudou, além de a equipe ter virado quase uma família, mas o prédio do museu é um pouco difícil para organizar feiras e está quase sempre ocupado”, explica ela. “Preciso criar espaços do zero, como no estacionamento.” No ano passado, depois de a segunda edição da Plana receber, segundo estimativa do MIS, cerca de 15 mil pessoas em um único fim de semana, a organização decidiu diminuir o número de expositores de 150 para cem. Neste ano, a feira voltou ao número anterior, mas ganhou um terceiro dia para tentar diluir a visitação e assim melhorar a circulação. No novo local, afirma Bia, a feira manterá o modelo de três dias e seguirá com entrada gratuita.

Dos 25 mil m² de área do prédio da Bienal, dentro do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, a feira deverá usar, segundo Emilia, até 5.000 m², ocupando o térreo e o mezanino. Para efeito de comparação, os espaços do MIS, de acordo com dados do site da Secretaria de Turismo de São Paulo, somam 1.360 m² de área, incluindo o auditório e o restaurante. Com a troca de endereço, a Plana também mudará a data de realização. Em vez de janeiro, como ocorreu em 2016, o evento deve voltar ao mês de março. Para o MIS, a saída da Plana foi uma “surpresa”. “Foi uma decisão unilateral, afinal desde a primeira edição fomos muito parceiros na realização do evento”, afirma, por e-mail, a assessoria de imprensa do museu. A instituição também diz que, como a temática é muito interessante para o seu público, pensa em fazer um evento nos mesmos moldes no segundo semestre deste ano. De acordo com a assessoria, a Plana era o evento realizado fora do espaço expositivo com maior ocupação do museu. “A cada ano o espaço disponível para a feira foi ampliado. Não houve qualquer proposta de aumento de espaço para 2017”, completa.

Se a feira ganha em tamanho, por outro lado deixa de receber ajuda na produção. Enquanto o MIS colaborava com a realização do evento, a Bienal se limitará à cessão do espaço, que é alugado. Segundo Bia, a organização deixa de gastar com estrutura, e passa a usar parte do dinheiro para o aluguel do prédio. A edição do próximo ano marca também a primeira vez em que a Plana recorre a verbas captadas via lei Rouanet. Com custo de R$ 90 mil para cada edição até então, o evento quer diminuir prejuízos e conseguir remunerar melhor os funcionários de sua equipe de produção. Neste ano, a criadora da feira diz ter acumulado débitos de R$ 30 mil.

A Feira Plana reúne, desde 2013, editoras independentes, palestras, oficinas e debates. Neste ano, o evento trouxe ao Brasil o fotógrafo suíço Miklós Klaus Rózsa e realizou a exibição do longa “Preto Sai, Branco Fica”, de Adirley Queirós. Em 2015, o crítico e professor de fotografia Jörg Colberg foi um dos convidados, em palestra mediada por uma das metades do Entretempos. “Achei que mudar poderia ser inspirador, assim como mudar de cidade ou de escola. Espaços e arquiteturas novos, problemas novos para resolver, público espontâneo de outra vizinhança e a curiosidade da novidade. Além da responsabilidade de usar um Niemeyer daquele porte”, afirma Bia.

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Papa da fotografia contemporânea, Martin Parr terá exposição no MIS https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/06/03/papa-da-fotografia-contemporanea-martin-parr-tera-exposicao-no-mis/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2015/06/03/papa-da-fotografia-contemporanea-martin-parr-tera-exposicao-no-mis/#respond Wed, 03 Jun 2015 09:00:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=13956

Milhares de boias coloridas de um complexo aquático no Japão e branquelos de uma decadente praia da Inglaterra virão a São Paulo. Ao menos nas imagens de Martin Parr, 63, maior nome da fotografia contemporânea, conhecido pelos registros banhados em humor corrosivo, com o qual retrata a classe média em momentos de lazer.

O britânico fará duas exposições na cidade a partir de outubro. A primeira, na Galeria Lume, trará, entre outros, uma de seus últimas obras, “Black Country Stories”, de 2014 —produzida em uma região inglesa que vive declínio industrial e revitalização por conta dos imigrantes que chegaram à área.

A outra, em 2016, será uma retrospectiva que vai ocupar dois andares do MIS (Museu da Imagem e do Som) e ocorrerá durante a quinta edição do evento Maio Fotografia. Com curadoria do próprio Parr e do brasileiro Iatã Cannabrava —organizador do festival Paraty em Foco—, a mostra percorrerá a obra do britânico por meio dos fotolivros que publica desde os anos 1980.

Segundo Cannabrava, a parte da exposição coordenada por Parr será baseada em sua visão sobre o atual estado da fotografia e reunirá imagens de outros artistas. “A ideia é mostrar o trabalho dele sem divisões. Ele é o colecionador, o fotógrafo, o editor e o curador Martin Parr”, explica o brasileiro. “É um dos mais importantes nomes da fotografia porque é um personagem completo”, finaliza. Parr virá ao Brasil para a abertura da mostra e debates.

O olhar sarcástico sobre consumismo e classes populares —estética copiada à exaustão—, foi construído com cores saturadas e enquadramentos muito próximos aos personagens que retrata. Como numa crônica de costumes, ressalta a comicidade de litros de protetor solar, as texturas de cadeiras de praia e a cafonice de banhistas.

Presidente da lendária agência Magnum, o britânico ganhou ainda mais força nos últimos anos ao atuar como uma espécie de legitimador da qualidade de fotolivros recentes. Dentro deste micromercado, aquilo que Parr atesta tem grandes chances de se tornar um sucesso. Ao lado de Gerry Badger, ele também é responsável pelas compilações “The Photobook: A History”, atualmente em seu terceiro volume. Um trabalho minucioso de pesquisa que pretende construir um panorama do melhor já produzido entre os fotolivros.

Um exemplo do poder do artista é “Martin Parr’s Money”, de Lewis Bush. No fotolivro, encadernado com fios de ouro, há somente as notas que o fotógrafo recebeu de Parr pela compra de um outra obra de sua autoria. Segundo Bush, a ideia seria “meditar sobre a inconstância da fama artística, genialidade e riqueza”. A edição com apenas cinco unidades tem valor crescente —a última cópia custa R$ 74.300. As duas primeiras já foram vendidas.

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Mostra em São Paulo exibe lado fotógrafa da atriz Jessica Lange https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/09/14/mostra-em-sao-paulo-exibe-lado-fotografa-da-atriz-jessica-lange/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/09/14/mostra-em-sao-paulo-exibe-lado-fotografa-da-atriz-jessica-lange/#respond Sun, 14 Sep 2014 13:57:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=10329 O texto abaixo foi publicado na Ilustrada de domingo (14).

Nem mesmo quem vai trazer a exposição de fotos de Jessica Lange para o Brasil acreditou que se tratava da atriz americana vencedora de dois Oscar. Acharam que era uma homônima. A dúvida surgiu quando a direção do MIS (Museu da Imagem e do Som) de SP buscava novas mostras de fotografia para 2015 e se deparou com o nome da atriz em um catálogo de exposições.

Faceta obscura de Jessica Lange, 65, sua atuação como fotógrafa é pouco conhecida. Assim como Dennis Hopper (1936-2010), que dividiu a carreira de ator e diretor com a obsessão por retratos e paisagens, a atriz de “Tootsie”, “Céu Azul” e da versão de “King Kong” de 1976 –quando estreou e se tornou símbolo sexual– tem um forte relacionamento com a fotografia.

Ela vai mostrar no MIS, em fevereiro, imagens da exposição “Unseen”, com fotos de seu cotidiano com a família e de viagens para México, Finlândia, Etiópia e Rússia, além de registros de Minnesota, Estado onde nasceu.

Lange foi casada com o fotógrafo espanhol Francisco “Paco” Grande durante a década de 1970, mas só começou a fotografar muito tempo depois. Após 15 anos produzindo suas imagens, ela lançou seu primeiro livro, “50 Photographs”, em 2008, base da mostra que virá ao país.

Nas fotografias em preto e branco, a atriz privilegia composições geométricas e cenas espontâneas, muito diferentes das filmagens cheias de preparação em Hollywood. Embora tenha trabalhado com diretores como Sydney Pollack e Tim Burton, a atriz diz não ter nenhum cineasta como influência. Por outro lado, não hesita em listar o interesse pelo trabalho de fotógrafos clássicos: Henri Cartier-Bresson (1908-2004) e Walker Evans (1903-1975).

MOSCA

Em entrevista por e-mail à Folha, Lange compara a maneira como realiza suas imagens à discrição de uma “espiã”. “Quando fotografo, sou observadora do mundo, livre de toda a identidade que poderia interferir”, explica.

“Eu tento passar despercebida, por isso não uso flash. Para ficar na penumbra e captar a luz natural sem chamar a atenção.” A definição ganha força nas palavras da cantora e poeta Patti Smith, que assina a introdução do livro da atriz. Para ela, Lange se move como uma mosca para captar as imagens.

Segundo a curadora da exposição, a francesa Anne Morin, 41, há uma divisão bem clara no trabalho de Lange. O México –país que a atriz visita há mais de 20 anos– representa um momento destoante, com texturas e aproximações muito particulares. “Lá, ela não toma distância do assunto, está nas festas, nas casas, nas rodas de dança. Jessica quase dança com eles.”

A importância da fase mexicana é tão grande que, segundo Morin, das 135 imagens da exposição, cem são do país latino. Lange virá ao Brasil para a abertura, onde espera encontrar os mesmos elementos que a seduzem no México. Questionado sobre o que mais a atriz poderia fazer no país, o diretor do MIS, Andre Sturm, respondeu na lata: “Além de casar comigo?”.

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MIS abre inscrições para programa dedicado a novos fotógrafos de SP https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/09/01/mis-abre-inscricoes-para-programa-dedicado-a-novos-fotografos-de-sp/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/09/01/mis-abre-inscricoes-para-programa-dedicado-a-novos-fotografos-de-sp/#respond Tue, 02 Sep 2014 01:59:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=9925 Nova de novo – Até 14/10, o MIS receberá inscrições para a edição 2015 do programa Nova Fotografia. Voltado para artistas pouco conhecidos, a convocatória oferece uma mostra individual no espaço batizado como “Nicho”, no térreo do museu. Desde 2011, o MIS seleciona seis projetos fotográficos –e três suplentes– para serem expostos durante 45 dias cada um. Poderão participar apenas fotógrafos residentes no Estado de São Paulo, cujo trabalho nunca foi exposto no Brasil nem no exterior. O regulamento completo e a ficha de inscrição você encontra em mis-sp.org.br.

Oscar – Já as inscrições para o Paris Photo–Aperture Foundation PhotoBook Awards vão até o próximo dia 12. Um dos prêmios mais importantes para publicações de fotografia ocorre em paralelo à feira homônima realizada na capital francesa e foi vencido em 2014 por uma brasileira –Rosângela Rennó com a obra impronunciável “A01 [COD.19.1.1.43] — A27 [S | COD.23]” na categoria de melhor livro do ano– e pelo espanhol Óscar Monzón com “Karma”, que ganhou como melhor fotolivro de estreia. Nesta edição, a novidade é a inclusão de uma terceira categoria, para catálogos. Clique aqui para saber mais.

Globo de Ouro – Se o Paris Photo só acontece em novembro, o Dummy Award, prêmio dedicado a maquetes de fotolivros, já anunciou seus vencedores. Um júri formado por fotógrafos como Cristina De Middel, Todd Hido e Carlos Spottorno, deu o prêmio maior para “Island on My Mind”, de Irina Rozovsky. O segundo e o terceiro lugar ficaram para o trio Mafalda Rakos, Iuna Vieira, Raphael Reichl, pela obra “3rd Generation”, e para “Scrap Book”, de Hajime Kimura. O fotógrafo e amigo Fabio Messias fez o favor de conseguir o link com as imagens da publicação vencedora (confesso que eu não sei muito bem o que achar do trabalho). É só clicar aqui.

Métodos – A 10ª edição do Seminário Arte, Cultura e Fotografia – imagens: práticas e metodologias do MAC USP acontece no auditório da nova sede do museu, ao lado do Parque do Ibirapuera, entre os dias 15 e 19/9. Além de pesquisadores de universidades de Portugal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, o evento trará conferências da antropóloga Lilia Schwarcz e do historiador Charles Monteiro, além de depoimentos das artistas Dora Longo Bahia e Sandra Gamarra. Com coordenação do curador Tadeu Chiarelli, a programação tem como foco métodos e estratégias para a imagem no campo da pesquisa acadêmica. Para saber mais é só clicar aqui.

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De última hora, Pedro Martinelli participará de debate no MIS-SP https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/21/de-ultima-hora-pedro-martinelli-participara-de-debate-no-mis-sp/ https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2014/05/21/de-ultima-hora-pedro-martinelli-participara-de-debate-no-mis-sp/#respond Wed, 21 May 2014 21:50:36 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://entretempos.blogfolha.uol.com.br/?p=8434 Em cima – De última hora, o fotojornalista Pedro Martinelli fará parte da programação do III Encontro Pensamento e Reflexão na Fotografia, evento promovido pelo MIS, Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Martinelli vai integrar o primeiro debate do encontro nesta quinta (22), às 16h, sobre seu fotolivro “Gente X Mato”, publicado em 2008. Ao lado do designer Ciro Girard e do jornalista Marcelo Macca, com mediação de Iatã Cannabrava, os participantes falarão sobre o processo de edição da obra. O bate-papo já fazia parte do festival, mas agora ganha a presença do autor da publicação. O “Encontro” também abriga oficinas e leituras de textos críticos sobre fotografia selecionados via convocatória prévia. Gratuito, o evento acontece de quinta (22) até sábado (24). Confira a programação completa aqui.

Grátis – Dica esperta do fotógrafo Gabo Morales: Na última semana, o MET, Metropolitan Museum of Art, disponibilizou quase 400 mil imagens de seu acervo em alta resolução para serem baixadas gratuitamente e sem a necessidade de autorização –tudo, claro, desde que não seja para uso comercial. Ou seja, mais de 500 obras de Picasso estão ao alcance digital dos visitantes do site do MET, assim como pinturas de Monet, Van Gogh e Degas. O acervo ainda conta com fotografias e trabalhos históricos de caligrafia, para o deleite de estudantes e pesquisadores. Para saber mais é só clicar aqui.

Brasil, sil, sil – O PHotoEspaña, maior festival de fotografia do país ibérico, anunciou a lista de convidados para sua próxima edição com a presença de seis brasileiros. Enquanto a gaúcha Raquel Brust fará uma mostra individual do projeto “Giganto” –produção que a artista exibiu nas pilastras do Minhocão, em São Paulo, na versão nacional do PHotoEspaña–, outros cinco brasileiros participarão da exposição coletiva “Elemento Latente”. São eles: Carolina Krieger, Gustavo Lacerda, Mariza Versiani, Marlos Bakker e Stefan Schmeling. O festival acontece de 4/6 a 27/7. Confira a programação aqui.

Contemporâneos – Neste sábado (24), a editora Cobogó lança o livro “Fotografia na arte brasileira séc. XXI”, organizado por Isabel Diegues e Eduardo Ortega. A publicação reúne 39 artistas que elegeram a fotografia como eixo central de sua obra, entre eles Cao Guimarães, o coletivo Cia de Foto, Rogerio Canella, Cris Bierrenbach e Rochelle Costi. O evento de inauguração acontece na galeria Pivô, no térreo do edifício Copan, às 15h, com debate entre Claudia Andujar, Rodrigo Braga e Pedro Motta, fotógrafos que integram a publicação. Clique aqui para saber mais.

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