De Dentro
A cada semana, o Entretempos publicará a seção De Dentro –uma pessoa elege uma imagem importante em sua vida (uma fotografia, um quadro, uma capa de disco, um postal, o que vier a cabeça) para relembrar memórias e sensações ou relatar o porquê daquela figura ser tão fundamental. O primeiro escolhido é Cassiano Elek Machado, repórter especial da Folha.
Ninguém na história da fotografia brasileira fez imagens de chuva tão bonitas quanto as de German Lorca.
Paisagens vistas através de janelas respingadas de chuvisco, transeuntes passeando pelo asfalto molhado, um senhor caminhando sozinho na serra sob o abrigo de seu guarda-chuva. Mais paulistano dos fotógrafos em atividade, nascido no tempo em que a cidade ainda era efetivamente a terra da garoa, Lorca tem amplo domínio do léxico pluvial.
“Menina na Chuva”, retrato de 1951, é um belo exemplo dessa arte. Na imagem, vemos uma garotinha munida de um guarda-chuva saltar da rua de paralelepípedos ao meio-fio. Seu pé esquerdo já está apoiado na calçada, enquanto o direito, mais atrás, flutua sobre uma poça d’água.
A menina, bem ao centro da imagem, está sozinha. Nenhum carro, nenhum outro passante, nada de cães ou pássaros. Ao fundo, uma dúzia de portas e janelas fechadas dá a impressão de que o dia ainda está começando. O que estaria fazendo sozinha esta garotinha de vestidinho xadrez e cabelos trançados, numa manhã chuvosa e sonolenta?
A imagem de Lorca só não é mais solitária porque ela parece dialogar com um dos retratos mais conhecidos do mestre da fotografia moderna Henri Cartier-Bresson. Em “Place de l’Europe. Gare Saint Lazare”, feita em 1932, um homem também salta por cima de uma poça d’água. Se a menininha de Lorca pula para a esquerda da imagem, o transeunte parisiense salta na direção oposta. Colocadas lado a lado, as imagens poderiam criar a sensação de que os dois irão se esbarrar no meio do caminho. Bem, os dois personagens solitários não deixam de se trombar. Ao menos neste breve textinho feito na iminência de um temporal.
Cassiano Elek Machado é repórter especial da Folha. É admirador da fotografia de German Lorca, que aos 90 anos segue em atividade e terá nova exposição na Casa da Imagem, em São Paulo, a partir do dia 15 de dezembro de 2012.
O brilhante jornalista e escitor CASSIANO ELEK MACHADO esqueceu-se de incluir, entre os colégios jesuítas do Brasil, o nosso já famoso COLÉGIO CATARINENSE.
Ab imo pectore et ex-toto-corde,
J.A.Medeiros Vieira – 84 anos,com 37 títulos publicados e o 38º a sair em breve pela LEDIX,que com amigos, fundou em SP no ano de 1979,mudando-a para cá,FpolisSC. Entre tais títulos,’PORTUGUêS PRÁTICO E FORENSE” ETC. SOU MODESTO JUIZ DE DIREITO APOSENTADO E METIDO A ESCRITOR…
Já foi. ao ilustre e brilhante escritor CASSIANO ELEK MACHADO:
ESQUECEU-SE DO famoso COLÉGIO CATARINENSE
Ex-toto-corde,
J.A. Medeiros Vieira