Foto vencedora do World Press Photo pode ser falsa

DAIGO OLIVA

As polêmicas em torno da última edição do World Press Photo parecem nunca terminar.

No último domingo, Neal Krawetz, especialista em segurança digital, publicou um post em seu blog (depois reproduzido pelo site Extremetech.com) afirmando que a foto vencedora do World Press Photo trata-se de uma composição de três diferentes imagens.

A foto é de autoria do sueco Paul Hansen e mostra duas crianças palestinas mortas em um ataque aéreo israelense sendo levadas para o funeral.

Krawetz lista ao menos 4 pontos que provariam a manipulação da imagem:

– A extensão XMP, que grava as alterações sobre o arquivo, possuem conversões em datas diferentes. Segundo o especialista, é o que você costuma ver quando uma imagem é emendada a partir de duas fontes diferentes;

– A foto foi editada duas semanas antes do prazo final do concurso, não quando foi feita, em novembro de 2012. A edição final da imagem ocorreu um dia após o júri concluir as discussões e anunciar o vencedor;

– As pessoas do meio estão muito mais brilhantes do que as outras, pois foram emendadas ou retocadas;

– A iluminação nos rostos das pessoas não corresponde à posição do sol.

O fotógrafo sueco negou as alegações. A fundação que realiza o WPP também já se manifestou, dizendo ao Huffington Post que “Paul Hansen já havia explicado em detalhes como ele processou a imagem. O World Press Photo não tem nenhuma razão para duvidar de sua explicação. No entanto, a fim de reduzir ainda mais a especulação – e com a plena cooperação de Paul Hansen – pedimos a dois peritos independentes que realizassem uma investigação forense do arquivo da imagem. Os resultados serão anunciados assim que elas estiverem disponíveis”.

Essa é, ao menos, a terceira polêmica desde o anúncio, em fevereiro, dos vencedores do mais prestigiado concurso de fotojornalismo do mundo. O ensaio de Paolo Pellegrin sobre cultura de armas nos EUA e a própria composição do júri, liderada por Santiago Lyon, chefe da Associated Press, agência que ganhou 8 prêmios nesta edição, também foram alvos de discussões.

Atualização às 20h – O World Press Photo emitiu um comunicado atestando a veracidade da foto de Paul Hansen segundo a análise dos dois especialistas contratados pela fundação.

“Revimos o arquivo RAW, conforme fornecido pelo World Press Photo e a imagem JPEG publicada. É claro que a foto publicada foi retocada tanto em relação à cor quanto aos tons. No entanto, não encontramos indícios siginificativos de manipulação de foto ou composição. Além disso, a análise da suposta manipulação da foto é profundamente falha”.

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Comentários

  1. as paredes laterais, especialmente as da esquerda, nem parecem edição, parece que são mais obras de ficção.

    Enfim, depois que inventaram a figura do EDITOR, o EDITOR de fotografias e se permite editar fotos em especial eletronicamente, qualquer coisa vale.

    1. Não entendi o que você disse, Alexandre. O culpado por uma possível manipulação da imagem por parte do fotógrafo é culpa da figura do editor de fotografia?

    2. Aparentemente ele usava uma lente olho de peixe que da este efeito distorcido na imagem, igual quando voce olha por um olho magico na porta.
      Como voce sabe a posicao do Sol?
      Depois que eu vi como foram possiveis as fotos na lua ter sombras em diferentes direcoes eu percebi que uma analise mais aprofundada e necessario antes de concluir se e falso ou nao. (me desculpe a falta de pontuacao, minha maquina esta configurada para a lingua Inglesa).

  2. Clarear seletivamente partes da foto já era feito na época do filme e é aceito em varios concursos, até mesmo pela National Geographic nas publicações. não há nada de errado nessa foto.

    1. Fabiano, a alegação de Krawetz não é sobre “clarear seletivamente partes da foto”, mas sim sobre combinar em uma única fotografia, 3 imagens diferentes. Ou seja, Hansen não teria fotografado a cena, mas sim construído digitalmente a cena a partir de outras 3 captações.

      1. Entretempos, O Hansen disse que reprocessou o RAW e combinou as exposições, o que não deixa de ser um dodge and burn mas também não deixa de ser um composite na visão/metodologia do Krawetz. Eu tenho varias fotos que se passariam por composite se usar o mesmo parâmetro de avaliação. Essa discussão não leva a nada, digo, leva a maior trafego no site do Krawetz.

        1. De novo, Fabiano. Não se trata apenas de combinar exposições, mas sim de combinar diferentes imagens em uma única fotografia. Se confirmado, não está de acordo com as regras do concurso e é éticamente condenável no fotojornalismo.

  3. Esta foto é FALSA, percebi logo de cara. Ele fez utilizando um software chamado Blender e o Makeithuman, são dois programas de geram formas humanas com perfeição em 3D, inclusive com pele e camada de gordura para refratar a luz.

  4. Se fosse de um soldado Israelense sendo preso , a foto seria verdadeira , mesmo o fato sendo mentira.

  5. Me chamou atenção o fato de que ao olhar diretamente para a foto, no lado esquerdo há incidência de luz/ em sentido oposto a sombra nos rostos das pessoas. Seria isso o tal clareamento?

    1. Acredito que não, Emerson. Isso seria o que Krawetz indicou como a iluminação nos rostos das pessoas não correspondente à posição do sol.

  6. Não sou expert em assuntos técnicos relacionados à manipulação da imagem. Apenas acho a foto ruim, pois é uma imagem apelativa e CLICHÊ. Sebastião Salgado tem coisas infinitamente melhores nessa linha.

  7. Pallywood. Isso é marca de sucesso garantida! Fora isso, que falta de humanidade carregar duas crianças mortas com o rosto descoberto, usando ela como propaganda de uma ideologia suicida e mortífera…

    1. “falta de humanidade” é lançar mísseis contra famílias. Independente da foto, o fato ocorreu. Mais de 100 pessoas morreram nesse ataque, e Suhaib e Muhammad não foram as únicas crianças entre elas.

      1. ““falta de humanidade” é lançar mísseis contra famílias”. Exatamente: é isso que o Hamas faz a cada mês, contra cíveis. Israel se defende alvejando objetivos militares que o Hamas covardemente cerca de mulheres e crianças. Quanto a esse fato, não seria a primeira vez que Israel não tem nada a ver com essas mortes (cf. Muhammad al-Durah).

  8. A parede da esquerda está meio estranha em relção ao posicionamento do homem que está ao seu lado. Tudo bem que a sombra está presente, mas, o rosto dele fica meio puxa parecendo uma distorção.

  9. Até agora os anti-palestinos não se conformam com a publicidade das suas atrocidades. Acusam a foto e pouco importa a verdade; já esta feita a cama para todo tipo de especulação. Nessas horas todo mundo vira “design” (sic). Prontos pra criticar a foto do ano! Hahahá!

  10. A foto tem retoques, mas isso é normal, quanto as deformações de perspectiva que dão essa sensação de artificial, podem ter acontecido, bem provavelmente, pelo tipo de lente. Todo mundo sabe que uma lente teleobjetiva tem a tendência de, devido a composição do jogo de lentes interno, mudar e até certo ponto distorcer a cena. O fato que ninguém consegue explicar aqui é que falta o bokeh, ou seja não existe uma área de foco borrada, no fundo ou na frente. Esse fato pode acontecer pelo aumento da exposição devido a abertura do foco, entre outros fatores que fotógrafos mais competentes, como o autor da foto, poderiam explicar. Lógico que há edição na foto mas ela não necessariamente, como foi comprovado pelo especialista, é uma montagem.

    1. Mais uma coisa,
      com toda certeza é uma câmera com ccd full frame de ultima geração e a lente é uma teleobjetiva das mais potentes. A Canon lançou uma câmera que tira aproximadamente 30 frames por segundo, este tipo de fotografia está sendo chamado de fotografia de microexpressões. Com certeza seria um tipo de câmera dessas que teria a capacidade, juntamente com o talento e técnica do fotógrafo, de ter uma nitidez tão grande. Ele deve estar uns 10 metros de distância do primeiro homem e a velocidade também foi ajustada para capturar cada frame com total nitidez. A foto é uma obra de arte sem dúvida!

  11. Foto expressiva, tecnicamente perfeita e historicamente relevante. Fotojornalismo também é arte.

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