‘O Suicídio de Meu Pai’, de André Penteado

DAIGO OLIVA
Foto: Marcelo Justo/Folhapress

‘O Suicídio de Meu Pai’, de André Penteado – Não existe nada mais doloroso do que organizar os pertences de alguém querido que acaba de morrer. Objetos e roupas, que ainda guardam cheiros e marcas, são rastros que misturam dor e saudade. Fruto do prêmio Pierre Verger 2012/2013 e lançado em março, na Feira Plana, o livro de André Penteado mostra uma série de autorretratos logo após o suicídio que dá nome à obra. As imagens são fortes não só pelo seu impacto visual, mas também pelo seu processo: o fotógrafo veste os trajes de seu pai e realiza uma interessante performance. Antes, o livro é aberto com imagens de grades, cercas, portas, vidros etc. que estão quebrados ou impedindo a saída de algo. São ótimas metáforas para o processo que levou ao fim. Em alguns momentos, porém, as fotos escorregam para o literal. Um letreiro com a palavra “alma” tem a letra “a” quebrada, um sinalizador estampa a palavra “help” e a ponte para a sequência dos autorretratos são imagens do próprio velório. O fotógrafo criou um caminho pouco óbvio para falar da morte, mas cai em armadilhas. Quanto ao livro como objeto, o tipo de papel escolhido e a encadernação não agradam.
A publicação abre com dificuldade e folhas menos brilhantes ajudariam a
dar o tom da obra. Já o tamanho é perfeito: aproxima-se dos antigos álbuns, daqueles que costumavam guardar memórias de família.

Avaliação: bom 

Haikai: em críticas curtas, o blog comenta fotolivros lançados neste ano.

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