One-hit wonder?

DAIGO OLIVA

Em passagem pelo Brasil para um ciclo de palestras sobre fotografia, a artista argentina Irina Werning, 36, falou com o blog sobre “Back to the future”, seu trabalho mais conhecido.

De forte veia pop, a obra é uma pesquisa minuciosa do passado sobre vestuário, objetos de decoração, acessórios e, sobretudo, técnicas fotográficas. Irina reproduz retratos de álbuns de família com as mesmas peculiaridades e a mesma luz de cerca de vinte, trinta anos atrás.

A nostalgia contaminou a internet e “Back to the future” se tornou febre, sendo compartilhado milhares e milhares de vezes em todos os formatos de redes sociais possíveis. A fotógrafa percorreu, até agora, 26 países em pouco mais de dois anos e meio, em busca de novas fotos que podem ter sua versão atualizada recontadas.

Embora não seja sua única série, é praticamente impossível encontrar seu nome ligado a outra coisa se não “Back to the future”. As entrevistas monotemáticas não incomodam a artista. “Se querem falar disso, por que vou obrigar alguém a perguntar sobre outra coisa?”, justifica.

“Sei que não vou fazer nada tão bom quanto ‘Back to the future’ e não pretendo fazer nada melhor também. Não sou americana, não compartilho dessa ideia de melhorar o que já existe. Para mim, é óbvio que não vou produzir nada melhor”.

Mesmo despistando, Irina diz que daqui a trinta anos, quer fazer a terceira foto do projeto, fechando um ciclo. As fotos desta segunda parte devem acabar em breve, quando percorrer outros países como Taiwan, Japão, Coreia e, especialmente, Cuba. “Me parece interessante chegar a um país e não fazer nada de produção. Abrir um armário e encontrar uma camisa de trinta anos atrás”.

“Fico pouco tempo atrás da câmera nesse projeto, algo como 5%, tudo envolve muita produção. Gostaria de fazer algo em que o pré não seja tão presente, por isso quero fazer street photography“, diz vagamente quando perguntada sobre o futuro.

Irina aproveitou a estadia no Brasil para realizar alguns dos retratos do projeto. Praia e futebol, garante, foram elementos que buscou ao selecionar as fotos que seriam reinventadas.

Para não cometer os mesmos maus-tratos de outros tantos veículos com Irina, você pode conferir as outras séries da fotógrafa aqui e aqui. Sobre eles, quando perguntada, a fotógrafa pouco ou quase nada falou.

Comentários

    1. Sim, João, existem outras entrevistas e textos em que a Irina fala sobre os outros ótimos trabalhos.

      Mas é que a tônica é sempre em torno do “Back to the Future”. Por isso a brincadeira com a possibilidade de se tornar um one-hit wonder.

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