O fim?
Como você gostaria de morrer no dia do fim do mundo?
O Entretempos fez esta pergunta a cinco fotógrafas.
Se tudo acabasse hoje e fosse possível escolher a forma de morrer, como seria?
Ana Beatriz Elorza, Autumn Sonnichsen, Candice Japiassu, Helena Wolfenson e Raquel Brust produziram autoretratos para materializar seus desejos.
Abaixo você confere o resultado das artistas e o blog deseja a todos um ótimo fim de…
…semana.
1.
“Escolhi fazer a foto na antiga casa de minha avó, no jardim onde brinquei minha infância toda.
Minhas memórias estão guardadas dentro dessa casa vazia, e mesmo com a atmosfera de tempo suspenso, é onde eu me sinto mais acolhida. A casa está à venda, e estamos próximos do fim de um mundo particular.
Decidi fazer a foto com meu sobrinho, que representa a renovação da família, a continuidade do tempo e o nosso futuro. Proteção, acolhimento, amor.
Todo o fim é um recomeço. Estamos criando nosso próprio Jardim do Éden” – Raquel Brust
2.
“O título do trabalho pode ser ‘Deslocamento’ e uma frase da Clarice Lispector cabe bem:
‘Então sonhei um sonho tão bom: sonhei assim: na vida nós somos artistas de uma peça de teatro absurdo escrita por um Deus absurdo.
Nós somos todos os participantes desse teatro: na verdade nunca morreremos quando acontece a morte.
Só morremos como artistas. Isso seria a eternidade?'” – Candice Japiassu
3.
“O desejo era fazer algo com água; água como corrente que transporta vida e matéria, a passagem.
O fim e a vida que ainda habita. Não há um só fim, há fins seguidos de princípios.
E afinal o mundo não acabará, e ainda haverá o claro e o escuro” – Helena Wolfenson
4.
“Gostaria de morrer caindo, na fração de tempo entre abandonar meu corpo no ar e dar de cara com o concreto.
No meio do caos do fim, cair.
Como o fim ainda não chegou, só a fotografia permite observar o entre tempo dessa performance feita para ser foto” – Ana Beatriz Elorza
5.
“Não é um desejo de morrer assim.
Preferia passar o fim do mundo na casa da minha mãe, mas ela mora longe, e não dá tempo de chegar até lá.
Então, já que é pra morrer no Brasil, é melhor ter gatinhas” – Autumn Sonnichsen
salva uma única exceção, o restante faltou criatividade e sobrou clichê.
Ou melhor: faltou arte.
Disse TUDO! Amo o trabalho da Autumn, melhor foto e o melhor comentário.
Sua observação é perfeita !
Hehe, pior que é. A última que ficou legal.
Minhas queridas, se houvesse o tal fim do mundo,hoje,vocês não teriam tempo para escolher nada,muito menos como morrer! O pavor quando é grande so da lugar pra uma saida: gritar muito.O audio é mais importante que o visual,no fim do mundo.
Ótimos trabalhos, parabéns.
Realismo não é necessário, basta o sonho.
A Isabelle quer pagar de intelectual artística até no fim do mundo, hahhaha.
O desejo das pessoas as vezes podem ser simples: como, acabar o mundo junto com o filho, ou com a mãe.
“Faltou arte”— que comentário metido a besta, patético.
De fato, comentário metido a besta.
A arte é de cada um, é de sonhos, desejos e fantasia. A arte se faz com uma ideia e um sentimento, isso basta!
Pensamentos e fotos bacanas. Cada qual com suas vontades.
Sensacional!
Fim do mundo ficou tão cool que ficou com vergonha de acontecer!!!!
Tem cada um…. O povo é sedento por uma trajedia, que nao ve o momento de acontecer uma!!!
Se o fim fosse hoje…
Num dia antes eu,
Eu passaria mais tempo com os meus pais,
Brincaria mais com minhas filhas,
Telefonaria para aquele amigo de infância que deixei para trás,
Faria meu último trabalho com uma grande paixão de despedida.
Pediria desculpas às pessoas que entristeci.
Se o fim do mundo fosse hoje, todas essas coisas que eu gostaria de fazer, e que sei, seria o desejo real de muitos, só provam que nós vivemos de forma egoística e egocêntrica. Sabíamos quais eram as coisas mais importantes da vida, conhecíamos os valores reais, mas optamos pela superficialidade.
Otelo Fausto
Não é pelo parentesco,pois sou bastante crítica. Amei a foto da Raquel Brust, que de certa forma me lembrou o filme Melancolia. Também achei o texto dela sugestivo e agradável, pois o fim do mundo só pode nos trazer um momento final de quietude e entrega total unindo as gerações no momento fatal. Cada um analisa através do histórico de suas próprias perspectivas e bagagens de conhecimento e sabedoria. Tudo é válido!