Tristeza não tem fim

DAIGO OLIVA

“Quero morrer, quero morrer, de uma batucada de banda (sic), uma cadência bonita de samba… Escute, ‘eu quero morrer, não sei o dia, não sei como, mas eu quero morrer na bonita música do samba’. Isto é Brasil. Mesmo na morte, eles encontram o samba ali”.

“Requiem in Samba”, de Alex Majoli, 41, é sobre nós.

Desde 1995, o fotógrafo italiano visitou o Brasil diversas vezes para viver entre os submundos locais em busca de histórias que traduzissem o encontro do fluxo da vida cotidiana em lugares pobres com a expectativa iminente da morte.

Santos, São Paulo, Rio e Salvador trazem a tona uma visão conturbada do contraste de uma cultura violenta, mas ao mesmo tempo, encantadora aos olhos de Majoli.

As lindas imagens, fortes e próximas de seus personagens, se apóiam num discurso de um estrangeiro – em alguns momentos deslumbrado – que vê no samba e no jeito brasileiro uma forma de passar por cima de todas os problemas diários. Por aqui, a vida apenas continua.

O ensaio a seguir, realizado em 2010 no Carnaval de SP e ainda inédito, fez parte de uma das viagens do fotógrafo italiano ao Brasil para dar continuidade a “Requiem in Samba”.

Os escapes captados no Anhembi surpreendem por revelar um lado triste, compenetrado e fúnebre na concentração para os desfiles. Muito diferente da alegria pasteurizada nos sambódromos.

Para Majoli, o samba é triste. Sexualmente triste.

Eis um réquiem para o Carnaval.

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Para ver “Requiem in Samba” é só clicar aqui