Fora do passo – Istambul

DAIGO OLIVA

“Álbuns de Viagem” é um projeto criado por Carina Paoletti publicado às quintas-feiras no caderno Turismo, aqui mesmo na Folha.

Fotógrafos convidados mostram seus registros durante viagens e/ou trabalhos de forma solta, íntima, sem o formalismo dos cartões postais. Já passaram por lá nomes como Gui Mohallem, João Wainer, Gal Oppido, Bob Wolfenson, Lalo de Almeida e muitos outros brilhantes fotógrafos.

Hoje, uma das metades do Entretempos tapa buraco com uma seleção de imagens em Istambul, na Turquia.

Reeditar as fotografias dessa viagem fez com que o blog pensasse numa nova seção. Quais seriam as galerias, museus e espaços culturais ao redor do mundo que não aparecem com frequência nos guias de turismo?

Essa seção não tem frequência fixa e está aberto a sugestões dos próprios leitores no email entretemposblog@gmail.com.

Viajei com minha esposa para Istambul em agosto de 2011, período em que estava ocorrendo o Ramadã.

Como ficamos hospedados no bairro de Sultanahmet, na parte antiga da cidade, era muito curioso observar famílias islâmicas em frente a mesquita Azul aguardando o cair da tarde para interromper o jejum diário, em contraste com os turistas ocidentais em trajes muito mais condizentes com o calor da estação.

Durante o Ramadã, os islâmicos fazem festas alegres todas as noites, principalmente em torno das mesquitas. Ao lado do ataque voraz dos vendededores, as festas são ótimas para experimentar comidas de rua ou deixar-se enganar pelos sorveteiros malabaristas. Como nos repetia um alegre garçom: “Yes, yes, yes! Life is beautiful! No problem, no problem!”.

Na parte moderna da cidade, no bairro de Beyoğlu, a avenida Istiklal é um misto de Paulista, Oscar Freire e 25 de março. Um corredor de lojas de roupas, com “camelôs” nas transversais e, ao menos, duas ótimas instituições de arte contemporânea. Em uma dia é possível visitar muito e muitos lugares de Istambul apenas atravessando a rua.

Aqui vão minhas duas recomendações:

SALT: Misto de galeria, centro cultural e espaço de debates, A SALT fica em um bonito prédio que combina características da arquitetura brutalista com intervenções modernas e minimalistas. Não perca a oportunidade de visitar o mini cinema, mesmo que não esteja passando nenhum vídeo ou filme. Os bancos são blocos retangulares vermelhos que se movimentam horizontalmente, criando uma auditório flexível e lúdico. No próximo 18, o espaço exibirá uma maratona de documentários de Ai Wei Wei, mas fique atento aos artistas locais, que encontram ali um lugar para instalações e performances. O Facebook da SALT é este aqui.

Borusan Muzik Evi – Originalmente, o “Borusan” é um espaço para concertos, mas tive a sorte de visitá-lo durante a exposição Matter Light, uma explosão visual. Lotado de instalações que combinavam neons, ilusões óticas e obras tecnológicas de Erwin Redl, Christian Partos, Thomas McIntosh, Ulf Langheinrich, entre muitos outros, o edifício também é uma questão à parte. Num prédio antigo de Istambul, os andares foram todos reconstruídos com uma arquitetura moderna e pensada. Percorrer o “Borusan” é fantástico. Vale a pena voltar para ouvir um concerto e verificar se as mesmas qualidades visuais se aplicam à acústica.

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Istambul preserva tradições, mas possui em seu caráter uma alma moderna, transitória e que mistura harmoniosamente diferentes tempos e costumes.

Dos 8 dias em que estivemos por lá, o artista que mais nos intrigou foi um tal de “Dokunmayın Lütfen”, presente em todos os lugares, dos contemporâneos aos clássicos.

Ao final do primeiro dia, entendemos que ele era o famoso “Por favor, não toque”.

Mas visite.

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Comentários

    1. Ilana!!! Que tal você fazer um “Fora do Passo” pra gente aí de Kyoto? Te mando um email… Beijo!

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