Fotolivros Latino-Americanos

DAIGO OLIVA

Reproduzimos aqui o texto que uma das metades do Entretempos escreveu para a Ilustrada na edição de ontem da Folha sobre a exposição “Fotolivros Latino-Americanos”.

A mostra está em cartaz no Instituto Moreira Salles de São Paulo.

Vai lá!

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Chegou a São Paulo na última sexta-feira (19) em forma de exposição o resultado de anos de pesquisa do historiador espanhol Horacio Fernández.

Em 2007, durante o Fórum Latino-Americano de Fotografia, em São Paulo, nasceu a ideia de reunir publicações fotográficas produzidas no continente. Aberta na última sexta, no Instituto Moreira Salles, “Fotolivros Latino-Americanos” exibe parte do trabalho coordenado por Fernández.

“Essas publicações passavam despercebidas porque se considerava que o importante era ter obras individuais, avulsas. Os fotolivros se parecem mais com o cinema. Nos filmes, há cenas maravilhosas que podem ser gravadas e se tornar um pôster, mas cinema é o filme todo”, diz o também curador da mostra, em entrevista à Folha, por telefone.

O livro ‘Amazônia’, de Claudia Andujar e George Love.

Entre publicidade, livros políticos e volumes que documentam o crescimento das cidades, o espanhol encontrou na bibliografia fotográfica da América Latina uma forte ligação com a literatura, em particular com a poesia.

Célebres escritores latinos, como o argentino Julio Cortázar (1914-1984) e o chileno Pablo Neruda (1904-1973), fizeram uso de fotografias não apenas como apoio visual, mas também como personagens e parte essencial de algumas de suas obras.

No Brasil, o poeta paulistano Roberto Piva (1937-2010) e o artista plástico Wesley Duke Lee (1931-2010) produziram, em 1963, “Paranoia”, “um livro que nos dá uma imagem do futuro de São Paulo, uma cidade que ainda não existia. Um lugar sensual, violento, noturno e agressivo em imagens poéticas e fascinantes”, explica o curador.

ITINERANTE

A pesquisa trouxe à tona obras raras e histórias curiosas como as dos fotógrafos chileno Sergio Larraín (1931-2012) e do colombiano Fernell Franco (1942-2006).

Insatisfeitos com a qualidade de suas publicações à época dos respectivos lançamentos, os autores fizeram de tudo para destruir os exemplares que encontravam. A última cópia de “El Rectángulo en la Mano”, de Larraín, que mais tarde se tornaria membro da prestigiosa agência de fotografia Magnum, foi vendida por US$ 25 mil (R$ 55 mil).

Antes de se tornar exposição, “Fotolivros Latino-Americanos” gerou um livro (256 págs., R$ 149) que a Cosac Naify editou em parceria com três casas estrangeiras.

Desde o ano passado, o projeto se tornou uma mostra, que já passou por Paris, Madri, Nova York e, recentemente, pelo Rio.

“O livro tem quase 160 títulos resenhados. Na mostra, reduzimos para 50. [A diminuição] foi necessária porque a exposição precisa se complementar com outras coisas, como vídeos. ‘Amazônia’, obra-prima de Claudia Andujar [e George Love], possui uma sala onde o livro inteiro é projetado”, descreve Fernández.

MERCADO

A despeito da enxurrada de obras fotográficas que circulam digitalmente, é bastante perceptível um movimento de valorização do livro como a principal ferramenta de expressão do fotógrafo na contemporaneidade.

“Os fotolivros parecem tentar desmentir essa visão, às vezes um pouco apocalíptica, de que chegará o dia em que não teremos mais livros em papel”, analisa o historiador.

“No entanto, o conceito de fotolivro na internet também faz muito sentido. Sou um pouco antigo, gosto de papel, mas as duas formas podem coexistir.”

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FOTOLIVROS LATINO-AMERICANOS
QUANDO ter. a sex., 13h às 19h; sáb., dom. e feriado, 13h às 18h
ONDE Instituto Moreira Salles (r. Piauí, 844; tel. 0/xx/11/3825-2560)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre

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