Última semana para ver a mostra de Luigi Ghirri no IMS de São Paulo

DAIGO OLIVA

Em pequenas imagens, o fotógrafo Luigi Ghirri recriou a paisagem italiana das décadas de 1970 e 1980. Um dos pioneiros do uso da cor na fotografia, Ghirri morreu precocemente aos 49 anos, em 1992. Pura ironia. O fim repentino, causado por um infarto, contrasta com o olhar vagaroso com que registrou cenários de seu cotidiano em tons saturados.

A exposição dedicada ao artista, “Pensar por imagens. Ícones, Paisagens, Arquitetura”,  em cartaz no Instituto Moreira Salles de São Paulo, se encerrará no próximo domingo (26). A partir de fevereiro, as quase 200 fotografias migrarão para a sede do Rio. Lá, outras cem obras serão incluídas.

Embora o número de trabalhos dê a ideia de uma exposição de proporções gigantescas, “Pensar por imagens” ocupa um espaço modesto. As obras, em sua maioria, têm o tamanho de cartões postais, obsessão do artista italiano.

“Ghirri sempre preferiu suas exposições de modo mais íntimo e acolhedor, e não apenas no formato de um grande show. Sempre imaginava como um livro”, afirma Laura Gasparini, uma das três curadoras da mostra.

Ao utilizar painéis publicitários como pano de fundo de cenas do dia a dia, o fotógrafo transformou a realidade e brincou com a noção do que é banal.

Objetos comuns –como canecas sobre uma mesa, brinquedos em uma praia deserta ou uma criança vestida de super-herói– são transformadas em emoções atreladas à memória, ao passado, a uma imagem perdida. Nada é banal. Banal é o olhar de quem decide o que é banal.

O italiano utilizou durante muitos anos o Kodachrome, película colorida recentemente extinta. O filme era considerado fantástico pois reproduzia as cores de forma extremamente vivas, com contrastes e cores únicos. “Perfeito para desconstruir a realidade”, afirma Gasparini.

Curiosamente, mesmo sendo um dos pioneiros da fotografia colorida, Ghirri morreu como um nome praticamente desconhecido do grande público. Os norte-americanos Stephen Shore e William Eggleston, contemporâneos ao italiano, se tornaram ícones do uso da cor.

“Pessoalmente, acho que eles têm muito a ver, mas Ghirri se refere sempre a um mundo épico e usa a realidade para contá-la”, afirma a curadora.

Há propostas para levar o trabalho de Ghirri para outros países, mas para preservar as cores das impressões originais, precisamos avaliar todos os cuidados necessários. Sempre queremos estar com as impressões originais que revelem seu peso no universo da fotografia colorida”.

LUIGI GHIRRI
Quando ter. a sex., 13h às 19h; sáb. e dom., 13h às 18h; até 26/1
Onde IMS (r. Piauí, 844, tel. 0/xx/11/3825-2560)
Quanto grátis

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