Ainda o World Press Photo
Todo ano é a mesma coisa. Assim que os vencedores do World Press Photo são anunciados, logo em seguida vem uma enxurrada de polêmicas.
O Entretempos selecionou alguns textos publicados após o anúncio dos resultados da maior competição de fotojornalismo do mundo.
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Interesses – Em 2013, o júri do WPP foi presidido por Santiago Lyon, chefe da Associated Press, agência que ganhou 8 prêmios naquela edição. Este ano, o presidente do júri foi Gary Knight, fundador da agência VII. Como se sabe, quem venceu o prêmio principal de 2014 foi John Stanmeyer, fotógrafo fundador da VII. Ao “New York Times”, Knight afirmou que, embora tenha pedido para se retirar do julgamento por conta de sua amizade e relação profissional com Stanmeyer, as regras do WPP não permitiram. Os conflitos de interesse são discutidos pelo blog duckrabbit.info. “Knight obviamente sabia que era errado presidir o processo, ou então não teria pedido para se demitir. Não é uma questão de regras, é uma questão de manter a integridade do processo. É também uma questão de respeito com Stanmeyer. Você gostaria de ganhar um prêmio que foi presidido pelo seu parceiro de negócios?”. Para ler a íntegra, clique aqui.
Similares – O crítico Jörg Colberg fez um interessante exercício com a imagem de Stanmeyer. “Uma das maneiras de chegar ao que nós, humanos, lemos nas imagens é perguntar às máquinas o que elas pensam”. O alemão procurou, utilizando o Google Images, por imagens semelhantes à fotografia vencedora. O resultado sugerido pela ferramenta de busca é genial e comprova o caráter global da obra premiada. Para conferir o resultado da brincadeira e a “aula” de leitura de Colberg é só clicar aqui.
Linguagem – Quanto mais uma das metades do blog procura pelos destaques entre os vencedores do World Press Photo deste ano, mais o trabalho do salvadorenho Fred Ramos chama atenção. “The last outfit of the missing” (acima) é uma série de fotos do vestuário de pessoas desaparecidas em Honduras, Guatemala e El Salvador. Em muitos casos, as roupas são os únicos meios para identificar as vítimas. Na legenda de cada imagem, a data em que as peças foram encontradas, horário, localização, possível sexo da vítima, idade e o tempo do desaparecimento. O trabalho de Ramos mostra que fotojornalismo pode ser feito de várias maneiras, com várias linguagens. Para ver mais é só clicar aqui.
Desqualificadas – O Lens, blog de fotografia do “New York Times”, publicou os detalhes da desqualificação de 8% dos trabalhos finalistas no concurso deste ano. Segundo Michiel Munneke, diretor do World Press Photo, dez participantes não eram elegíveis para continuar na rodada pré-final. O júri baseou sua decisão nos casos em que o material foi significativamente manipulado, independentemente da técnica usada. O diretor ainda explicou quais os retoques permitidos pela competição: limpeza de poeira e arranhões. Para ler o ótimo artigo por completo é só clicar aqui.
WPP Magazine – “Escolher a melhor imagem jornalística do ano está fadado ao fracasso. Principalmente porque, ao contrário das Olímpiadas, as imagens não competem umas com as outras”. No blog Thoughts of a Bohemian, o norte-americano Paul Melcher refuta a ideia de competição no fotojornalismo e “sugere” que o WPP deixe de ser um concurso para se tornar uma revista. A foto vencedora é a imagem de capa e as outras ganhadoras tomam o restante das páginas. O texto inteiro você confere aqui.
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