Três dias após vencer prêmio, morre importante nome da fotografia alemã

DAIGO OLIVA

Michael Schimidt, um dos mais importantes fotógrafos da Alemanha no período pós-guerra, morreu neste sábado (24), aos 68. A notícia foi confirmada à Associated Press por Stephen Barber, fundador do prêmio Prix Pictet, dedicado a trabalhos sociais. A causa da morte não foi divulgada.

Schimidt venceu a competição há três dias pela série “Lebensmittel”, uma investigação sobre a indústria de alimentos. Na noite de quarta (24), o alemão teve seu nome anunciado por Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU e recebeu 100 mil francos suíços (cerca de R$ 248 mil).

Nascido em Berlim pouco depois do fim da Segunda Guerra, Schmidt é considerado o fotógrafo que melhor retratou o cotidiano da cidade antes da reunificação. Em “U-ni-ty (Einheit)”, livro lançado em 1996, o artista mistura retratos e paisagens urbanas com imagens históricas do período nacional-socialista. O fotógrafo americano Christian Patterson classificou a obra como “um olhar oblíquo e sombrio na identidade alemã do pós-guerra.”

“U-ni-ty” talvez seja seu trabalho mais conhecido. A obra junta o peso emocional da história –tão incômoda para a Alemanha pós-Hitler–, símbolos ideológicos e a relação entre indivíduo e política. Autodidata, foi fundador de uma das oficinas de fotografia mais importantes do lado ocidental de Berlim.

Schmidt participou de exposições no MoMA, em Nova York, da Bienal de Berlim e ganhou retrospectiva no Haus der Kunst, em Munique, ocasião em que lançou o fotolivro “89/90”. Até 14/6, o Victoria and Albert Museum exibe as imagens vencedoras do Prix Pictet junto a trabalhos de outros finalistas do prêmio. “Lebensmittel” é composto por fotografias que mostram cortes fechados de alimentos como cabeças de peixe, carne picada em plástico e imagens de matadouros e fazendas.

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