Fotógrafos expostos na feira SP-Arte aderem à moda de peças únicas

DAIGO OLIVA

O texto abaixo foi publicado na Ilustrada de quarta (19) por Silas Martí.


Em tempos de imagens cada vez mais descartáveis, nada parece mais antiquado do que falar em aura de uma obra de arte. Mas artistas contemporâneos estão tentando devolver a sensação que se perdeu de estar diante de algo raro ao criar impressões únicas de suas fotografias.

Na contramão do digital, artistas que mostram seus trabalhos na 8ª edição da feira SP-Arte/Foto, no shopping JK Iguatemi, falam em “ressacralizar” o contato com a obra, como a “gigantografia” de Rodrigo Petrella —a visão de uma floresta que ocupa uma parede do estande da galeria Paralelo só existe em cópia única, ao contrário de edições que chegam até centenas no mercado.

“Tudo ficou banal com a tecnologia, mas assim se torna uma visão única”, diz Petrella. Fotógrafo badalado do cenário atual, Caio Reisewitz também aderiu à moda da cópia única. “É legal por dar à fotografia um caráter exclusivo”, diz. “Nas colagens que faço, não existe negativo. É uma peça feita à mão.”

“Onça Parda”, parte da série “Zoo”, de João Castilho

Ou seja, uma obra que pode custar mais caro. Quanto maior a tiragem de uma fotografia, menor o seu valor de mercado. Mas a concorrência cada vez mais acirrada por novos colecionadores vem fazendo galeristas e artistas buscar novos meios para tornar até algo passível de reprodução em artigo raríssimo.

VINTAGE

É o caso da galeria Luciana Brito, que concentrou suas forças em impressões vintage —aquelas ampliadas pelo próprio artista— de clássicos modernistas como Thomaz Farkas, Geraldo de Barros e Gaspar Gasparian e peças únicas ou raras de contemporâneos, como Regina Silveira e Marina Abramovic.

Um painel de imagens da artista na performance “Art Must Be Beautiful”, em que se despenteia gritando que a arte deve ser bela, é uma das peças mais caras da feira, chegando a R$ 200 mil por ser a última de uma edição de três. Na outra ponta, há obras na faixa dos R$ 1.000, com tiragens maiores, já que o grosso do mercado ainda não entrou na moda das peças únicas.

“É legal, mas não temos essa política”, diz Lucas Cimino, da galeria Zipper. “Como trabalhamos com artistas jovens, nossa ideia é disseminar o trabalho deles”. Um deles é João Castilho, que despontou nos últimos anos e tem forte presença na feira. Outro destaque, com obras de até R$ 150 mil, é o estande da Leme, com fotos imensas dos alemães Candida Hofer e Frank Thiel.

SP-ARTE/FOTO
QUANDO abre nesta quarta (20), às 15h (convidados); de qui. a sáb., das 15h às 21h; dom., das 15h às 20h; até 24/8
ONDE JK Iguatemi, av. Juscelino Kubitschek, 2.041, 3º piso
QUANTO grátis

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