Cronista da modernização brasileira, Hans Günter Flieg expõe em São Paulo
O texto abaixo foi publicado na Ilustrada de sábado (20).
“Não tinha consciência de que aquilo serviria para alguma coisa, mas por alguma razão, eu guardei os negativos.” Sem perceber, o fotógrafo Hans Günter Flieg se tornou um cronista da modernização brasileira nas décadas de 1940 e 50. Após imigrar para o país em 1939 —fugindo do cenário sombrio do nazismo que tomou a Alemanha à época—, Flieg documentou a arquitetura de grandes instalações industriais para publicidade de empresas.
A partir deste sábado (20), o alemão ganha uma retrospectiva com cerca de 220 fotografias na nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP. São imagens das fábricas de cristais Prado, das usinas hidrelétricas da Companhia Brasileira de Alumínio e das esteiras de produção dos pneus da Pirelli.
Há também registros da arquitetura de Lina Bo Bardi (1914-1992) e de João Artacho Jurado (1907-1983), além de obras de arte como a escultura do suíço Max Bill (1908-1994), presente na primeira Bienal de São Paulo, em 1951, mostra da qual Flieg foi o fotógrafo oficial.
Embora encomendadas, as imagens do alemão possuem impressionante marca autoral. Influenciado pela escola da Nova Objetividade, o fotógrafo dirigia a luz e os enquadramentos para documentar as fábricas e os objetos da forma mais direta possível, sempre ressaltando as suas funcionalidades.
“Quando você para e olha essas imagens, vai vendo uma qualidade, uma clareza e uma precisão que conferem transcendência”, explica Sergio Burgi, curador da mostra e coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, que cuida do acervo de Flieg. Aos 91, Flieg diz que ainda não sabe se estará na abertura de sua própria retrospectiva. O que não o impede de brincar: “Não faz mal, já conheço essas fotografias!”.
FLIEG FOTÓGRAFO
QUANDO ter., das 10h às 21h; qua. a dom., das 10h às 18h; até 20/2
ONDE MAC USP Ibirapuera, avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301
QUANTO grátis
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