‘Campo Cego’, de Ivan Padovani

DAIGO OLIVA

‘Campo Cego’, de Ivan Padovani (autopublicado) – Se esta seção realmente fosse um haikai –com poucas palavras e sintética– eu classificaria “Campo Cego”, de Ivan Padovani, como o fotolivro brasileiro do ano. Não é exagero. Feito com um papel transparente, suas páginas sobrepõem centenas de registros de empena cegas –laterais sem janelas– dos prédios paulistanos. Assim, o fotógrafo faz com que cada edifício absorva ou transfira suas linhas e marcas sobre os outros “vizinhos”. É uma edição complexa encontrar a ordem certa das imagens que faz tudo ali se encaixar. Não há nada de acaso, mas um trabalho meticuloso e exaustivo. Ao mesmo tempo em que repete uma paisagem comum de São Paulo, ele cria também uma nova cidade, invisível, atravessada. Que alívio ver um tema tão batido como a arquitetura das grandes metrópoles ser tratado de maneira sutil e silenciosa. Gosto de obras que se comunicam com o leitor de forma imediata, mas sem ser simplista. Espero que a tiragem não se limite às cem cópias feitas pelo próprio artista.

Avaliação: ótimo 

Haikai: em críticas curtas, o blog comenta fotolivros lançados neste ano.

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