‘Bidean’, de Miren Pastor

DAIGO OLIVA

‘Bidean’, de Miren Pastor (autopublicado) – Dia desses, conversando com Raquel Cozer, colunista de literatura da Folha, chegamos ao seguinte dilema: “O que é melhor? Um texto bom, divertido e saboroso, porém mal escrito, ou um daqueles em que cada palavra se encaixa perfeitamente e todas as estruturas gramaticais estão corretas, mas o conteúdo é apenas razoável?”. Qualquer pessoa decente escolheria o melhor das duas opções, mas a vida real é muito mais triste do que aquela que idealizamos. Por escrever mal e me esforçar para divertir quem está ao redor, escolheria a primeira sentença. Já “Bidean”, fotolivro da espanhola Miren Pastor, se encaixa no lote das publicações que são lindas, bem editadas, têm design interessante e… pouca contundência. Segundo o texto que acompanha a obra, Miren quer falar sobre transformações da adolescência, período em que a vida está em uma eterna mudança. O livro se concentra em seguidas imagens de uma floresta que representaria este caminho em aberto e outros lindos registros poéticos e íntimos. A repetição de fotos da mata se explica pelo desenho da obra. Ela é ao mesmo tempo livro e projeto expositivo. Para isso, o leitor deve unir dois exemplares desencadernados e formar um mosaico. Isto é uma surpresa interessante. Mas as fotografias do trabalho têm pouca força para discutir um tema tão brutal quanto a adolescência. Tudo é muito aberto e poético; dá a sensação de que qualquer imagem superficial pode dar a dimensão do assunto. Se fotolivros são peças literárias, é preciso se valer de bons argumentos. Subjetividade é essencial, mas não deve ser transformada em escudo para aquilo que não sabemos explicar.

Avaliação: regular 

Haikai: em críticas curtas, o blog comenta fotolivros lançados neste ano.

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