Fotógrafa documental Mary Ellen Mark morre aos 75 em Nova York

DAIGO OLIVA

Conhecida por projetos documentais com temas sociais e retratos, a fotógrafa americana Mary Ellen Mark morreu nesta segunda (25), aos 75 anos, em Nova York. A causa da morte não foi divulgada. Nascida em Elkins Park, próximo à cidade de Filadélfia, ela foi membro da lendária agência Magnum até 1981 e produziu ensaios para revistas como “Life”, “The New York Times Magazine”, “The New Yorker”, “Rolling Stone” e “Vanity Fair”.

Em seu ensaio mais conhecido, realizado em 1976, a fotógrafa passou 36 dias em um hospital psiquiátrico do Estado de Oregon, nos EUA, para documentar a ala feminina da instituição. O trabalho gerou o fotolivro “Ward 81”, lançado no mesmo ano. Em entrevista à “Time”, em 1978, Mark disse que “queria fazer um ensaio sobre pessoas que são trancadas longe da sociedade e mostrar quem realmente são”. “Não queria exibi-las como malucas exóticas.”

Entre os prêmios que recebeu ao longo de sua carreira estão o Cornell Capa, em 2001, e o Lifetime Achievement in Photography, entregue no ano passado. Em 1988, pelo conjunto de sua obra, a americana recebeu o World Press Photo, maior prêmio dedicado ao fotojornalismo. Ela voltaria a vencer o concurso em 2004 com a série de retratos “Twins”, na qual fotografou gêmeos com uma câmera de grande formato. Em texto publicado no site da artista, Mark diz que o equipamento possibilitou mostrar, em detalhes, não só como gêmeos são parecidos, mas também as sutilezas que os diferenciam.

Mark ainda participou da produção de diversos longas, nos quais registrava os bastidores das filmagens. Além de “Ânsia de Amar” (1971) e “Peixe Grande” (2003), a fotógrafa trabalhou em “Babel” (2006), do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu. Ao lado dos fotógrafos Patrick Bard, Graciela Iturbide e Miguel RioBranco, Mark acompanhou o processo do filme ambientado em Japão, México e Marrocos.

Ela também ficou conhecida pela série “Streetwise”, sobre adolescentes que sobreviviam como prostitutas e traficantes nas ruas de Seattle. Concebida a partir da reportagem “Streets of the Lost” (ruas da perdição), que realizou para a revista “Life”, a obra originou um documentário dirigido por Martin Bell, cineasta e marido da fotógrafa. Mary Ellen Mark morreu antes de concluir seu 19º livro, que seria baseado na prostituta Tiny, fotografada durante “Streets of the Lost”. Ela não deixa filhos.

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