‘Selfish’, de Kim Kardashian
“Selfish”, de Kim Kardashian (Rizzoli) – É curioso como, sem
querer, Kim Kardashian tenha conseguido fazer um resumo completo da miséria contemporânea. Muitos vão se revirar com essa frase, mas poucos artistas conseguiriam sintetizar de forma tão genuína os elementos que circundam o mundo atual. “Selfish”, livro lançado em maio pela socialite americana, reúne toneladas de autorretratos nos quais ela desfila cirurgias plásticas à rodo, culto às celebridades, egocentrismo e futilidade. Tudo em excesso, e a existência de Kim por si só já bastaria como testemunho daquilo que se tornou regra nas redes sociais. Ao organizar seu próprio diário –a publicação está mais para uma biografia dos últimos nove anos de sua vida–, a socialite também chama a atenção para uma estética que é reproduzida por muitos artistas com um certo olhar de superioridade e ironias. Basicamente, como se estivessem lidando com animais em uma jaula. É uma pena que existam tantas legendas desnecessárias para descrever, por exemplo, quem era o maquiador do dia ou em que festa ela estava. As imagens deixam de falar. Ao final, é tanta repetição da mesma rotina de festas e poses que resta apenas uma tontura. Há ainda uma seção de páginas negras, com as imagens “vazadas” na internet, em que Kim aparece nua. Não consigo imaginar um retrato tão bem feito de tantas facetas do comportamento humano atual.
Se “Selfish” causou revolta ao ser incluído em listas de melhores fotolivros do ano, talvez esse preconceito seja quebrado após Kim lançar um livro –ainda mais bizarro– feito junto ao marido, Kanye West, e ao fotógrafo Jürgen Teller.
Avaliação: bom
Haikai: em críticas curtas, o blog comenta fotolivros lançados neste ano.
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É isso ae… parece que caiu a mascara do “sr. ser-humano”, se é que algum dia tentou esconder o rosto
Mas o futil e o boçal são a ordem do dia, nao consigo explicar teoricamente porque, mas “o mundo jaz do maligno” (citei figurativamente, sem intenções religiosas)