Morre Hilla Becher, metade da dupla que fez da fotografia um vocabulário
Hilla Becher, a última metade da dupla que catalogou sistematicamente a arquitetura industrial da Alemanha, transformando-a em um vocabulário visual único, morreu neste sábado (10), aos 81. A notícia foi confirmada nesta terça (13) pela Schirmer/Mosel, editora que publica o trabalho da artista ao lado de seu então marido, Bernd Becher. A causa da morte não foi divulgada.
Durante 50 anos, Hilla e Bernd (1931-2007) documentaram inúmeras caixas d’água, torres e prédios abandonados. Por meio de uma linguagem direta, com extremo apuro técnico, o casal influenciou importantes nomes como Andreas Gursky e Thomas Ruff, expoentes da escola de Dusseldorf.
O conceito da dupla alemã está centrado na ideia de que assuntos registrados objetivamente são mais “verdadeiros”. Por isso, buscavam de maneira obsessiva a perfeição da composição e usavam câmeras de grandes formatos, receita que foi seguida nas paisagens milionárias de Gursky ou nos retratos de Ruff. A padronização imposta na linguagem de Bernd e Hilla, depois expostas em fileiras com dezenas de registros de maquinários industriais, construiu pontes entre fotografia e tipologia. Na série mais conhecida do casal, as imagens formam um grande abecedário visual.
Nascida em Postdam, na Alemanha, Hilla conheceu Bernd em 1957, em uma escola de arte. Embora a parceria entre eles tenha se iniciado no final da década de 1950, o trabalho da dupla só veio a ganhar reconhecimento nos anos 1970, quando o livro “Anonyme Skulpturen” (esculturas anônimas) foi lançado nos Estados Unidos. Por conta de sua obra, o casal recebeu o prêmio Erasmus, em 2002, além do Hasselblad Award, em 2004. A láurea já foi entregue, entre outros, para Nan Goldin, William Eggleston e Irvin Penn.
Em 2003, a Documenta de Kassel, importante mostra de artes visuais que acontece a cada cinco anos, consagrou o trabalho de Hilla e Bernd ao dedicar uma grande sala ao conjunto de registros industriais. Parte da série também pode ser vista no acervo do complexo de galerias da Dia Art Foundation, em Beacon, próximo a Nova York. Junto com Hilla, parte também o ideário perfeccionista implantado pelo casal e que influenciou muitos artistas conceituais, assim como a própria fotografia de arquitetura.
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