Melhores fotolivros de 2015: Claudio Silvano
Feliz ano novo! Antes de começar 2016 para valer, ainda temos uma última lista de melhores fotolivros do ano passado. Quem mostra seus eleitos é o fotógrafo brasileiro Claudio Silvano.
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JH Engström – ‘Tout Va Bien’ (Aperture)
Em uma entrevista recente, o sueco JH Engström afirma que “acredita na poesia”. Essa afirmação é bem evidente nas páginas de seu último livro: cada imagem é como um pequeno poema autobiográfico. “Tout Va Bien” é o seu 15º livro e, como em outros trabalhos, mistura diferentes tipos de formatos, fotos em preto e branco com imagens em cores e diversos sujeitos. Não existe uma narrativa bem definida, as imagens estão soltas em uma linha temporal imersa em memórias.
André Penteado – ‘Cabanagem’ (Editora Madalena)
“Cabanagem” é sem dúvidas um dos trabalhos mais ricos e inovadores da fotografia brasileira. E, sendo o primeiro capítulo de uma série, me deixa bastante ansioso pelos próximos projetos.
Mesmo tendo uma boa sequência e impressão, sem boas fotografias um fotolivro é apenas um objeto. Alec Soth continua explorando a vida nos EUA e criando imagens incríveis. Aqui ele reedita as fotos do seu projeto autopublicado “LBM Dispatch”, espécie de pequeno jornal para o qual viajava fotografando pelo país na companhia do escritor Brad Zellar. Usando um flash superpotente, Soth captura todos os detalhes de pequenas cenas das cidadezinhas que ele visitou.
Paul Kooiker – ‘Nude Animal Cigar’ (Art Paper Editions)
Fiquei hipnotizado quando folheei “Nude Animal Cigar”. Como o título explica, o livro é uma compilação de fotografias de charutos, animais e pessoas nuas. Parecem fotografias encontradas em mercados de pulgas, mas todas foram feitas pelo fotógrafo durante vários anos. O tema pode soar bobo e vazio, mas seu mérito está exatamente na nossa reação ao livro. A cada virada de página você explora um pouco mais desse mundo não linear da obra de Kooiker.
Dana Lixenberg – ‘Imperial Courts 1993-2015’ (Roma Publications)
“Imperial Courts” é um monumental trabalho de mais de 20 anos que a fotógrafa Dana Lixenberg fez em uma região da cidade de Los Angeles. O livro é composto de retratos dos vizinhos, amigos e familiares intercalados com paisagens dessa comunidade. É um trabalho complexo sobre a passagem do tempo e a vida dessas pessoas.
Mike Mandel – ‘Good 70s’ (J&L Books)
Fotografia e humor são coisas difíceis de misturar, e muitas vezes o resultado acaba sendo mais constrangedor do que engraçado. Poucas pessoas conseguiram sucesso nessa combinação. Uma delas é Mike Mandel. “Good 70s” é uma caixa com diversos trabalhos do artista, principalmente a coleção completa dos míticos cartões de baseball que criou no começo dos anos 1970. Cada um deles mostra um grande fotógrafo –entre eles Larry Sultan, Ed Ruscha e William Eggleston– posando como jogador de baseball e com sua descrição no verso.
Ron Jude explora sua infância nesse livro que é uma aula de construção de narrativa. Gosto do jeito sutil e eficaz que consegue transmitir uma ideia abstrata utilizando objetos e paisagens.
Mark Steinmetz – ‘The Players’ (Nazraeli)
O fotógrafo Mark Steinmetz continua fazendo bons livros um após o outro. Dessa vez o trabalho é um conjunto de fotos de adolescentes e crianças em pequenos campos de baseball entre 1987 e 1990. Sempre me impressiona a atmosfera poética que ele consegue criar ao capturar a luz natural.
Boris Mikhailov – ‘Diary’ (Walther Konig)
Drama e comédia são elementos definidores da obra de Mikhailov. Esse livro mostra quase 50 anos de momentos capturados por ele, organizados sem cronologia definida e em forma de diário. Às vezes é difícil olhar para algumas de suas imagens, mas a gente sabe que as coisas difíceis também fazem parte das nossas vidas. No final aceitamos isso e continuamos seguindo em frente.
Sohrab Hura – ‘Life is Elsewhere’ (autopublicado)
Quando um projeto é bastante pessoal, ele corre o risco de não conseguir transmitir a essência de sua ideia e, no final, a obra se torna bastante egocêntrica. No caso do emocionante “Life is Elsewhere”, do indiano Sohrab Hura, a ideia é transmitida de forma doce e carinhosa. No livro ele registra o dia a dia de sua mãe, que foi diagnosticada com esquizofrenia e paranoia. Ao mesmo tempo que sua mãe começa a esquecer as lembranças, o fotógrafo usa imagens e textos para guardar para sempre as suas próprias memórias.
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