Mostra joga luz sobre outras cidades afetadas pela ruptura da barragem da Samarco além de Mariana

DAIGO OLIVA

A partir de sábado (5), quando completa-se um ano do desastre conhecido como tragédia de Mariana, a DOC Galeria inaugura a exposição coletiva “De Regência a Mariana”, que busca, segundo os fotógrafos que integram a mostra, “desconstruir a narrativa hegemônica dos meios de comunicação” sobre o episódio. Para os artistas, a mídia teria focado apenas a destruição ocorrida no distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, epicentro do caso, enquanto os efeitos do rompimento da barragem da Samarco se espalharam para outros municípios de Minas Gerais, como Resplendor e Governador Valadares, e do Espírito Santo, como Colatina e Baixo Guandu.

Para os participantes da exposição, a visibilidade dada à cidade de Mariana fez com que a mineradora, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, assistisse apenas os moradores daquela região atingida, deixando outros locais à sombra. “Mais do que um ensaio fotográfico consistente, queremos apresentar um raio-x do rio Doce, do não esquecimento, e direcionar o foco para aqueles cuja invisibilidade midiática os mantêm num universo lamacento e perigoso de vulnerabilidade.”

Integram a mostra, que vai até 20/11, os artistas Aline Lata, Bruno Miranda, Gabriel Lordello, Gustavo Miranda, Helena Wolfenson, Leonardo Merçon, Mauricio Simonetti, Tadeu Bianconi, Tadeu Jungle, que exibirá uma obra para ser vista com óculos 3D, e o fotógrafo da Folha Avener Prado, além de registros dos ribeirinhos Rhuan Rafael Mdendes, Daniely Cipriano, Benin Cordeiro e Rondon e Ranieli Krenak. Escritores, como os capixabas Ana Laura Nahas e Leonencio Nossa e os paulistas Juca Kfouri e Renato Stockler, também fazem parte da mostra com textos sobre a tragédia. A DOC Galeria fica na rua Aspicuelta, 145. A inauguração, gratuita, ocorre às 14h.

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