Abbas, fotógrafo iraniano que registrou a política das religiões, morre aos 74 anos
O fotógrafo iraniano Abbas, membro da Magnum, morreu nesta quarta (25), aos 74 anos. Radicado em Paris, ele documentou conflitos em diversos países, como Bangladesh, Vietnã, Cuba e Irã, onde registrou a Revolução Islâmica. Durante toda a carreira, Abbas se dedicou a fotografar a relação entre religião e sociedade. A causa da morte não foi divulgada.
Em nota publicada no site da Magnum, o atual presidente da empresa, Thomas Dworzak, classificou Abbas como “um pilar da agência, um padrinho para uma geração de jovens fotojornalistas”. “Ele era um cidadão do mundo que documentou implacavelmente. Guerras, desastres, revoluções, convulsões e crenças –toda sua vida. É com imensa tristeza que o perdemos.”
O período em que documentou a Revolução Islâmica, entre 1978 e 1980, e o retorno ao país, em 1997, 17 anos após um auto-exílio, geraram as imagens do livro “Iran Diary 1971-2002”. Estruturada em três partes, a obra é, segundo a Magnum, “uma interpretação crítica da história iraniana, fotografada e escrita como um jornal particular”. Em “Faces of Christianity: A Photographic Journey”, lançado em 2000, Abbas dedicou-se a entender o cristianismo como um fenômeno não só espiritual, mas também político.
O interesse pela transformação da religião em ideologias políticas levou o fotógrafo a documentar outras crenças, como o budismo, o hinduísmo e o judaísmo. Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, em 2008, Abbas escolheu o debate sobre as fronteiras entre fotojornalismo e arte como um tema que o aborrece. “Eu costumava me descrever como fotojornalista, e me orgulhava muito disto”, disse ele à Magnum no ano passado.
“Eu pensava que o fotojornalismo fosse superior, mas já não me considero mais um fotojornalista. Porque embora eu use técnicas de um fotojornalista e publique em revistas e jornais, eu estou trabalhando os assuntos com profundidade e por longos períodos de tempo. Eu não faço histórias sobre o que está acontecendo. Faço histórias sobre minha maneira de ver o que está ocorrendo.” Abbas passou a integrar a Magnum em 1981, mas se tornou membro permanente quatro anos mais tarde. Antes, trabalhou nas agências Sipa e Gamma.
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