Isolamento e solidariedade – 20 artistas e suas obras com a figura casa

Hrein Fridfinnsson
Cassiana Der Haroutiounian

“O que é a existência?

o que requer sempre

revisão”

Adonis, poeta sírio.

Rachel Whiteread

 

#FICAEMCASA

É tempo de habitar. A redoma chamada casa, a redoma chamada “eu”. Difícil em tempos fugazes, efêmeros, imediatos… A humanidade se vê obrigada, em seu dever cidadão e social, de estar, de permanecer. É necessário olhar para dentro enquanto o fora acontece. O tão amedrontado e temido dentro. “Uma espécie de angústia cósmica preludia a tempestade”, definiu Bachelard em seu livro A poética do espaço. A casa adquirindo as energias físicas e morais de um corpo humano.

São tempos e espaços de habitar as nossas solidões e os nossos laços. Esses redutos têm valor de concha, onde nós teremos a chance de experimentar nossas estradas, encruzilhadas e de cadastrar nossos campos perdidos e inscritos em nossas almas.

A casa como abrigo do devaneio, protegendo o sonhador. A casa que afasta contingências e multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela, o homem seria um ser disperso. A casa é o que mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É corpo e alma. O primeiro mundo do ser humano.

A casa hoje será gaiola e será mundo, será ilha e será continente, registrando os apelos de um mundo aéreo e celeste.

É tempo de refletir sobre aqueles que têm a rua como casa, o céu como teto e os assoalhos são o asfalto, a terra e o pó. Nômades compulsórios, cuja experiência neste planeta não é aconchegada por uma casa fixa e física, um lar, e suas conexões com o mundo interior são permanentemente interrompidas pelas agressões e violências do universo. Ou tantos outros, que têm suas fortalezas-concha, mas são obrigados a abandoná-las, diariamente, mediante ordens, pedidos, prazos, compromissos ou relativizações que parecem ser mais importantes do que o indivíduo, o ser, a comunidade e o universo. Entre habitantes de ruas, barracos, casas e apartamentos até moradores de palácios há um abismo muito mais vasto que o planalto central: o abismo da indiferença, do ceticismo irresponsável, da falta de solidariedade…

Ficar em casa. Respirar e ficar em casa. Nos dias de hoje, contemplar esse ninho é estar em uma confiança com o mundo. Um apelo à confiança cósmica, humana e social. Seja consciente. Valorize o poder de ter uma redoma chamada casa para ser e estar em tempos de escuridão.

Para esse post, separei alguns artistas com trabalhos referentes a casa para incentivar e fortalecer ainda mais o #ficaemcasa, se puder.

Leandro Erlich
Beili Liu
John Hiliard
Wolfgang Laib
Ekkerd Altenburger
Ron Gilad
Simon Starling
Massimo Uberti
Pascale Martine Tayou

 

Mariana Tassinari
Doug Aitken
Candice Japiassu
Volpi
Myung Kein Kot
Robert Therrien
Louise Bourgeois
Ernst Koslitsch
Gordon Matta Clark