Melhores fotolivros 2014: Daigo Oliva

DAIGO OLIVA

Desde o segundo semestre do ano passado, uma das metades do blog dedicou grande parte deste espaço a resenhas de fotolivros lançados há pouco tempo. Batizada carinhosamente como Haikai, a seção traz pequenos textos que contextualizam as publicações e despejam uma ou outra opinião sobre elas.

Dessa forma, acreditamos que os eventuais leitores assíduos do Entretempos já conheçam o gosto desta metade do blog. A maneira que encontramos para falar sobre outras excelentes obras lançadas em 2014 foi listando livros que não chegaram até às nossas mãos, mas foram apreciadas graças à internet.

Ainda que existam grandes esforços para trazer obras recentes ao Brasil –com destaque para o trabalho da Livraria Madalena, em São Paulo–, ainda
há um descompasso em relação à distância entre os produtores do melhor
da fotografia contemporânea (Estados Unidos, Europa e Japão) e nós.

Blogs, fóruns de discussão, grupos de debates de fotolivros e o fantástico site “Have a Nice Book” foram ótimas ferramentas para descobrir autores e elaborar listas para encomendas ou compras em livrarias durante viagens.

Durante a semana passada, o blog reuniu os favoritos de colaboradores. Agradecemos aos amigos Jörg Colberg, Leo Caobelli, Fabio Messias e Walter Costa pelas seleções de seus escolhidos no ano. Que vocês estejam aqui mais uma vez no fim de 2015. Agora, sem enrolação, a lista do blog.

Nada foi mais aterrorizante do que “Grand Circle Diego”, do francês Cyril Costilhes. Dez anos depois de um acidente que deixou seu pai demente, o fotógrafo retorna para a cidade de Diego Suaréz, no Madagascar, para refazer os caminhos da insanidade. A atmosfera criada no fotolivro é fantástica. Dá medo, impressiona, não é um filminho de terror qualquer.

Não consigo entender por que “El Porqué de las Naranjas”, de Ricardo Cases, não apareceu em muitas listas dos melhores fotolivros do ano de sites e revistas. Parece-me uma obra com fibra, uma incursão pelas cores e por um realismo fantástico ainda maior do que o grande sucesso do autor, “Paloma
al Aire”. A fotografia do espanhol exerce um fascínio inexplicável em mim.

Ok, há um tanto de afetação neste livro, mas eu gosto de coisas bizarras, fazer o quê? Em “Illustrated People”, Thomas Mailaender aplica negativos escolhidos no Arquivo do Conflito Moderno (o mesmo usado por Broomberg
e Chanarin em “Holy Bible”) no corpo de 23 modelos. Depois, os expôs a lâmpadas de UV, revelando as imagens na pele. Não preciso falar mais nada.

“Hidden Islam”, de Nicolò Degiorgis, não deveria estar nesta lista, porque, aos 45 minutos do segundo tempo, eu o comprei. Mas como apenas confirmou minhas expectativas, vale como se tivesse visto só on-line. Como disse a amiga Renata Baralle, não é irônico que uma obra sobre islamofobia tenha ganho o prêmio de livro de estreia do Paris Photo Photobook Awards?

Max Pinckers é um jovem fotógrafo que possui um trabalho espetacular.
Ao registrar casais indianos que fogem dos casamentos arranjados em “Will They Sing Like Raindrops or Leave Me Thirsty”, ele brinca mais uma vez com a fotografia documental e a ficção, tudo no estilo Bollywood.

Aqui vão algumas publicações vistas ao vivo e que formariam minha lista de melhores do ano: “Party”, de Cristina de Middel, “Everything Will Be OK”, de Alberto Lizaralde, “Carpoolers”, de Alejando Cartagena, “Campo Cego”, de Ivan Padovani, “Centro”, de Felipe Russo, “XY XX”,
de Fosi Vegue, “Albinos”, de Gustavo Lacerda e “The Photographer’s Playbook”, de Jason Fulford e Gregory Halpern. Todas resenhadas no blog.

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